Um ano e dois meses depois de ter escolhido o Estádio Nacional de Santiago para a primeira final única da história de 60 anos da Libertadores, a Confederação Sul-Americana, de comum acordo com os clubes, decidiu na noite desta terça (5) que Flamengo e River jogarão no sábado, 23 de novembro, às 17h30m, no Estádio Nacional de Lima, capital do Peru.

MAIS DE 30 MIL LUGARES – Inaugurado em 27 de outubro de 1952, o Estádio Nacional de Lima tem capacidade para 80.093 torcedores, mais 31.428 que o Estádio Nacional de Santiago, que recebe 48.665. A Confederação Sul-Americana de Futebol vai manter a divisão dos ingressos e assim cada clube receberá pouco mais de 40 mil.

TRÊS OUTROS ESTÁDIOS – Durante as cinco horas de reunião que Flamengo e River tiveram ontem (5), na sede da Conmebol, em Luque, na região metropolitana de Assunção, capital do Paraguai, foram descartadas as três outras sedes propostas: a dos estádio Nueva Olla, em Assunção; Metropolitano, de Medellin, Colômbia, e Hard Rock, em Miami, onde está a base comercial da Confederação Sul-Americana de Futebol.

TRÊS HISTÓRIAS DO ESTÁDIO – Na primeira das três vezes em que sediou a final da Copa América, ainda tratada como Campeonato Sul-Americano, em 1953, o Brasil perdeu (3 x 2) a decisão com o Paraguai, na noite de 1 de abril. O técnico da seleção era Aymoré Moreira e os dois gols foram de Baltazar, artilheiro do Corinthians. No dia seguinte, Gilberto Cardoso, presidente do Flamengo, contratou Fleitas Solich, técnico da seleção paraguaia, que comandou o time no primeiro tricampeonato do Maracanã: 1953-54-55.

RECORDE DA SELEÇÃO BRASILEIRA – Quatro anos depois, Evaristo de Macedo, artilheiro do Flamengo, estabeleceu um recorde na história da seleção, jamais alcançado por outro brasileiro: ele fez cinco gols, na noite de 23 de março de 1957, nos 9 x 0 sobre a Colômbia. Os outros gols foram de Pepe, Didi (2) e Zizinho. O técnico era o gaúcho Oswaldo Brandão, que classificou a seleção para a conquista da primeira Copa do Mundo em 1958.

O DIA MAIS TRISTE DO ESTÁDIO – Diante de 50 mil torcedores, o Estádio Nacional de Lima registrou seu dia mais triste em 24 de maio de 1964, quando Peru e Argentina jogaram pelas eliminatórias dos Jogos Olímpicos de 1964 em Tóquio. A Argentina vencia (1 x 0) e o árbitro Angel Pazos, do Uruguai, anulou o gol de empate do Peru. Os torcedores se revoltaram a polícia teve que usar gás lacrimogêneo. Na tentativa de sair ao mesmo tempo, 312 morreram e mais de 500 ficaram feridos.

CHILE EM PÉ DE GUERRA – As autoridades chilenas, por mais que quisessem manter Flamengo x River, primeira final única da história de 60 anos da Copa Libertadores, não conseguiram contornar os problemas.

O surto de violência atual, em que o povo nas ruas exige a renúncia do presidenteSebastián Piñera, está em proporções quase iguais ao de 11 de setembro de 1973, quando a tropa do ditador Augusto Pinochet encurralou e matou o presidente socialista Salvador Allende, no Palácio de La Moneda. Foi a maior repressão da história do Chile, com milhares de torturados e assassinados pelo regime militar.