É COMPREENSÍVEL a decepção, e até a revolta, dos torcedores do Botafogo com a saída do técnico. Luis Castro não foi o primeiro nem será o último. O dinheiro é a mola do mundo. Faz parte do passado distante, o tempo em que os profissionais cumpriam, e um deles está para sempre na história do Botafogo. Nilton Santos, em 17 anos, fez 723 jogos, vestindo só uma camisa, e assinou três ou quatro contratos em branco, deixando os valores a critério do clube.
CARLOS CASTILHO, maior goleiro do Fluminense, recordista de 697 jogos em 18 anos, pediu ao médico do clube que lhe amputasse metade do dedo mínimo da mão, para voltar logo a jogar. Os exemplos de Nilton Santos e Carlos Castilho só são lembrados pelos que conheceram profissionais com espírito de amadores. Também convivi com outros, que jogaram gripados, alguns até febris, para não prejudicar a equipe.
GARRINCHA sofreu algumas infiltrações no joelho para poder jogar. No final dos anos 60, acompanhei a cirurgia do doutor Mario Marques Tourinho, médico do América, no joelho de Garrincha, na Cruz Vermelha. Os recursos da época não podiam ser comparados aos atuais, mas a cirurgia foi bem-sucedida e Garrincha voltou a jogar, depois do primeiro bicampeonato carioca do Botafogo no Maracanã, com uma das equipes notáveis da rica história do futebol do clube.
A LAMENTAR que o futebol tenha passado a ser um grande balcão de negócios, tipo Copa do Mundo com 48 seleções e em três países-sede. Não à toa, em clubes, federações e confederações, como no samba do compositor paraense Billy Blanco, “quem está fora não entra, quem está dentro não sai”. Triste, doloroso, lamentável que alguns clubes já tenham negociado sua própria identidade. O tempo não deixará de mostrar que o pior está por vir.
BOTAFOGO E VASCO disputarão amanhã (2) o clássico dos interinos e dos extremos. Entre os últimos, depois de dez jogos sem vencer, seis derrotas consecutivas e uma vitória com gol de pênalti, o Vasco anuncia não ter pressa pelo novo técnico, que “será escolhido com muita convicção”. O Botafogo informa que o ex-zagueiro Caçapa, assistente técnico do Lyon, clube do seu dono, será o interino, compartilhando com o ex-meia Lúcio Flavio, técnico do Sub-23.
Imagem: Oundum/Getty Images