É absolutamente inaceitável que um jogador experiente, com tantos títulos no Brasil e na Europa, continue reincidente em jogar violento e a ser expulso, como Felipe Melo, logo aos três minutos do jogo em que o Palmeiras perdeu a invencibilidade, após a melhor campanha da fase de grupos, que lhe valeu a vantagem de fazer a final da Libertadores em casa. O retrospecto disciplinar dele não é nada recomendável. Os números confirmam e contra fatos não há argumento.
COTOVELADA – No primeiro dérbi de que participou na Itália, temporada 2009-2010, Felipe Melo não só foi expulso pela cotovelada no atacante Mario Balotelli, na vitória (3 x 1) sobre a Inter, como também provocou discussão acirrada entre o goleiro Buffon e o meia Tiago Mota, obrigando a intervenção de todos os jogadores dos dois times para acalmar a situação.
CUSPARADA – No início do ano 2013, em sua segunda temporada no Galatasaray (Turquia), Felipe Melo foi expulso no clássico com o Besiktas, ao cuspir na cara do meia Ozzy.
INVASÃO – Meses depois, no clássico do returno, em setembro de 2013, após outra expulsão, Felipe Melo fez gestos que provocaram a ira dos torcedores do Besiktas, que invadiram o gramado do Estádio Olímpico de Istambul. A polícia interveio usando gás lacrimogêneo.
FORA DE CAMPO – Por conta da intensa rivalidade Galatasaray x Besiktas, Felipe Melo criou problema até mesmo fora de campo. Em maio de 2014, em férias nos Estados Unidos, jantava com amigos em Las Vegas e pediu a um deles que fizesse bilhete, em turco, para levar ao jogador Birdel, do arquirrival, em mesa próxima. O ambiente ficou pesado.
EXPULSÃO NA COPA – A expulsão de Felipe Melo na derrota (2 x 1) para a Holanda, que eliminou o Brasil nas quartas de final, ficou entre as cenas mais chocantes da primeira Copa do Mundo na África, em 2010. Ele pisou, com vontade, na coxa de Robben, que estava caído. Cena patética.
MENTIROSO, MAU-CARÁTER – Termos duros, fortes, pesados, usados por Felipe Melo contra o técnico Cuca, que o afastou do elenco do Palmeiras, em julho de 2017, após o vazamento de um áudio. O clube promoveu a reaproximação e ele foi reintegrado ao elenco no início de setembro.
TÚNEL DO TEMPO – Em 2004, quando era do Grêmio, Felipe Melo se envolveu em escândalo que mereceu amplo registro. Foi dispensado pelo clube depois de conflito com prostitutas em que rolou até faca.
COPIANDO VANDRÉ – “Pra não dizer que não falei de flores”, como ficou conhecido o sucesso do notável compositor paraibano Geraldo Vandré, que dividiu com “A Banda”, do não menos notável Chico Buarque, o prêmio do Festival da Canção de 1968, no Maracanãzinho, não poderia deixar de reservar espaço às conquistas técnicas de Felipe Melo.
FORMADO NA BASE do Volta Redonda FC – 91 a 2001 -, profissionalizou-se e jogou no Flamengo de 2001 a 2003, ano em que fez parte do elenco histórico do Cruzeiro, único time de Minas a ter a Tríplice Coroa – campeão mineiro, da Copa do Brasil e Brasileiro -, após ter sido campeão carioca em 2001. Após a saída para o Grêmio, o salto para a Europa, onde defendeu de 2005 a 2008 os modestos, bem modestos Mallorca, Real Santander e Almeria.
FELIPE MELO firmou-se no centro do futebol europeu a partir de 2008 na Fiorentina, que defendeu em 40 jogos, até sair em 2009 para a Juventus, com 78 jogos até 2010. Ficou na Turquia de 2011 a 2015 no Galatasaray, em 154 jogos. Sua última temporada na Itália, em 2015-16, foi mais modesta, com 38 jogos pela Inter de Milão. Com mais de 600 jogos e 15 títulos, é desse Felipe Melo campeão que queremos falar sempre, não do jogador botinudo, expulso pelos pontapés.
NÃO POSSO DEIXAR de registrar que dois seguidores do nosso trabalho se manifestaram, com todo o direito de opinar. Carlos André me escreveu dizendo que “Felipe Melo já foi expulso 35 vezes”, números que eu desconhecia, confesso. E o parceiro Heleno Rotay, apresentador de sucesso no rádio, me escreveu assim: “Felipe Melo é o jogador mais violento e maldoso do futebol brasileiro”.
TAMBÉM NÃO DEVO deixar de acrescentar, admirador que sou de sua obra e do seu imenso talento, que Geraldo Vandré vai completar 83 anos em 12 de setembro -, aniversário de 82 anos da Rádio Nacional, onde iniciei em 58 -, e dois dias antes dos meus 79 anos. Bom lembrar: dois anos depois do primeiro lugar no primeiro Festival Internacional da Canção, com “Caminhando”, verdadeiro nome de “Pra não dizer que não falei de flores”, o conterrâneo do Júnior – o que mais vestiu a camisa do Flamengo – também ganhou o primeiro lugar do terceiro Festival, em 68, com outra obra de arte, “Disparada”, imortalizada pela interpretação maravilhosa do inesquecível Jair Rodrigues.
– Em 2010 – Jogo contra a Holanda 2 x 1 Brasil. Foto: site Terra;
– Em 2011 – Juventus 1 x 4 Parma. Foto: Getty Image;
– 30/08/18 – Palmeiras 0 x 1 Cerro Porteño – Foto: Nelson Almeida/ AFP.