Crédito: Carlos Gregório Jr / VASCO.COM.BR

Com um video em que resumiu suas grandes atuações e com elogios tipo líder, ídolo, capitão e eterno, o Vasco homenageou o uruguaio Martin Silva, seu melhor goleiro estrangeiro nos últimos 50 anos, que deixou o clube ontem (20), depois de 245 jogos, de ser bicampeão carioca, de ter recusado oferta de clube da Série A para jogar a Série B pelo Vasco, e de ter sentido arrepios quando os torcedores gritaram o nome de sua filha Pilar, que nasceu prematura e com problemas respiratórios.

MARTIN SILVA recorda março de 2014 como um dos dias mais marcantes de sua carreira. Liberado pelo Vasco, ele passou a semana em Montevidéu, acompanhando a recuperação da filha. Mesmo sem treinar nenhum dia, foi o melhor do jogo em que o Vasco venceu o Fluminense: “Tive que me controlar quando os torcedores gritaram o nome da minha filha. Foi um momento muito especial. Tive que me segurar para conter a emoção, como se Pilar estivesse a meu lado”.


Crédito: Paulo Fernandes/Vasco

GOLEADA NA ESTREIA – Contratado em dezembro de 2013, Martin Silva estreou na terceira rodada do Campeonato Carioca de 2014, em São Januário, onde o Vasco goleou (6 x 0) o Friburguense. Terminou como o menos vazado e o prêmio de melhor goleiro, mas insatisfeito porque o Vasco ficou só com o vice-campeonato. A alegria completa foi em 2015 e 2016, com o Vasco bicampeão carioca e outra vez como melhor goleiro pela terceira temporada consecutiva.

CAMISA ESPECIAL – Em julho de 2014, Martin Silva viveu outra grande emoção quando usou a camisa com a cor azul do Uruguai, homenagem do Vasco por ter sido o goleiro na Copa do Mundo realizada pela segunda vez, após 64 anos, no Brasil. Desde 1998, quando o capixaba Carlos Germano fez parte da última seleção que Zagallo comandou, o Vasco não tinha um goleiro em Copa do Mundo. Martin Silva esteve em três Copas, desde que estreou na seleção em 12 de agosto de 2009 em amistoso em Argel.

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OUTRA HONRA – Martin Silva diz que o Vasco é inesquecível em sua carreira, ao recordar de outra honra que teve em agosto de 2014, ao ser o escolhido, pelos torcedores, com aprovação da direção do clube, para usar a camisa especial, com o número 116, em homenagem ao aniversário do clube: “Fiquei muito sensibilizado com essa prova de respeito e carinho que os torcedores e o clube tiveram comigo” – recorda, dizendo ter sido outro motivo especial para estar na história do Vasco.

100 JOGOS – Martin Silva completou o centésimo jogo com a camisa do Vasco, na tarde do domingo 5 de março de 2016, dois dias após estender o contrato até 2019, na vitória (3 x 1) sobre o Bonsucesso, no estádio Los Larios, em Duque de Caxias. O Vasco foi campeão carioca invicto e ele recebeu de novo o prêmio de melhor goleiro. E recusou convite do São Paulo, a fim de disputar a Série B pelo Vasco, o que também aconteceu em 2017, quando agradeceu ao chamado do Boca Juniors.

BOM LEMBRAR: quando o Vasco desceu à Série B, Martin Silva não participou de 17 jogos porque estava com a seleção do Uruguai na Copa América e em amistosos. Com ele em campo, o aproveitamento foi de 43%, que seria suficiente para o time terminar em décimo terceiro lugar e não ser rebaixado.

ATUAÇÃO NOTÁVEL – Martin Silva foi um dos responsáveis pela quebra de um tabu de 18 anos. A última vitória do Vasco no Mineirão sobre o Cruzeiro havia sido em 2000. O Vasco até havia ganho de 3 x 0 do Cruzeiro, em 2011, mas na Arena do Jacaré, em Sete Lagoas. E voltou a vencer, no Mineirão, 18 anos depois, com atuação notável de Martin Silva. 

200 JOGOS – Martin Silva diz ter sido um dos jogos marcantes, se não o mais marcante com a camisa do Vasco. Foi na estreia da Libertadores, em 31 de janeiro de 2018, na goleada (4 x 0) sobre o Universidad Concepción, no Chile. Na sequência, o Vasco fez 4 x 0 no Jorge Wilstermann, em São Januário, mas perdeu pelo mesmo placar, na Bolívia. E aí ele brilhou nos pênaltis ao defender três cobranças consecutivas, classificando o Vasco para a fase de grupos

.ÚNICO GOL – Martin Silva disputou até agora 319 jogos – 245 pelo Vasco – e o único gol que marcou foi em 2012, pelo Club Olímpia, do Paraguai. Único, mas muito importante: foi o gol que classificou o Olímpia para a Libertadores de 2013, em que foi vice-campeão e eleito melhor goleiro. Ele deixou o clube após 96 jogos, devido ao atraso de pagamento. 


Crédito: Carlos Gregório Jr/Vasco

ESTREIA – Martin Silva estreou como profissional em 18 de agosto de 2002, aos 19 anos, na vitória do Defensor (1 x 0) sobre o Plaza Colonia, no estádio Luis Franzíni, em Montevidéu, pelo Campeonato Uruguaio. No mesmo ano, em um dos 212 jogos pelo Defensor, ele levou uma pedrada na cabeça, na Argentina, em jogo em que o time uruguaio foi eliminado pelo Independiente, de Buenos Aires, da Copa Sul-Americana. 

NO CLUB OLÍMPIA, único paraguaio campeão do mundo, que defendeu de 2011 a 2013, sua estreia foi marcada por uma grande vitória (2 x 0) sobre The Strongest, da Bolívia, em 3 de agosto, no estádio Defensores del Chaco, em Assunção. Campeão paraguaio em 2012, já considerado e exaltado como líder do time, Martin Silva ouvia o coro bem alto dos torcedores, que o chamavam de Superman. Que tenha bom final de carreira em seu último contrato, de 2019 a 2021, com o Libertad, de Assunção, clube de 113 anos, terceiro maior campeão paraguaio com 20 títulos.