SÃO TANTAS AS MARCAS E OS RECORDES DE PELÉ, eterno e único rei do futebol, que o registro de que o atacante mineiro Vitor Roque, do Athletico Paranaense, tornou-se o mais jovem a estrear na seleção, na derrota de ontem (25) para o Marrocos por 2 x 1, logo levou alguns superfãs à correção. Entre eles, o superfã Abílio Macedo.

PELÉ FOI O MAIS JOVEM a estrear na seleção, aos 16 anos, ao entrar no intervalo de Brasil x Argentina, no lugar de Del Vecchio, também do Santos, na tarde do domingo, 7 de julho de 1957, em jogo da Copa Roca, apitado pelo austríaco Erwin Hieger, diante de 80 mil pagantes no Maracanã.

PELÉ SÓ FOI CONVOCADO pelo técnico gaúcho Sylvio Pirilo, artilheiro do primeiro tricampeonato do Flamengo em 1942-43-44, porque no início de julho de 1957, Botafogo, Vasco e Fluminense, com alguns dos convocáveis, estavam em excursão, daí terem sido chamados mais jogadores de São Paulo, que tinham oito titulares.

ENTRETANTO, Castilho, maior goleiro que mais defendeu o Fluminense, em 698 jogos; Paulinho e Bellini, que também não viajaram com o Vasco, foram convocados. O Brasil perdeu o primeiro jogo no Maracanã por 2 x 1, mas ganhou o segundo, três dias depois, no Pacaembu, por 2 x 0, e ficou com a Copa Roca de 1957.

A SELEÇÃO DA ESTREIA DE PELÉ, no 4-2-4 da época: Castilho (Fluminense), Paulinho e Bellini (c), ambos do Vasco; Zito (Urubatão, ambos do Santos) e Luisinho (Corinthians); Maurinho (São Paulo), Mazzola (Palmeiras), depois Moacir (Flamengo), Del Vecchio (Pelé, ambos do Santos) e Tite (Santos).

O primeiro gol de Pelé pela seleção, observado pelo zagueiro argentino Vairo, com o goleiro
Carrizo caído e a bola já nas redes. Maracanã, domingo, 7 de julho de 1957.

A SELEÇÃO ARGENTINA era treinada por Guillermo Stabile (1906-1966), vice-campeão e artilheiro da primeira Copa do Mundo, e tinha, entre seus principais valores, Amadeo Carrizo, melhor goleiro argentino de sempre; o notável volante Nestor Rossi, e o extraordinário meia Angel Labruna.

ANGEL LABRUNA fez 1 x 0 aos 29 minutos e Pelé empatou aos 32, pouco depois de substituir Del Vecchio, que sentiu o tornozelo, em falta dura do zagueiro Vairo. O gol da vitória argentina, aos 33 do 2º tempo, foi de Miguel Juarez. Anos depois, Pelé lembrou sobre o jogo de estreia na seleção aos 16 anos.

“A LEMBRANÇA MAIS FORTE foi quando meu pai (Dondinho) me disse que eu havia sido convocado. Sorri e dei uns passos de sambista, achando que era brincadeira dele. Mas, quando ele falou: não brinca, não, porque é verdade, quase chorei de alegria. Nunca imaginei que poderia estar na seleção aos 16 anos” – disse Pelé.

A SAMBADINHA DE PELÉ foi na sala da presidência do Santos, embaixo de uma das arquibancadas do estádio da Vila Belmiro, onde Pelé morava em alojamento. Era comum, ele e os companheiros irem à sala do presidente para falar por telefone com as pessoas da família. Os pais de Pelé moravam em Bauru.

ANTES DA 1ª CONVOCAÇÃO, Pelé já havia marcado 16 gols em 27 jogos pelo Santos, em amistosos e jogos oficiais do Rio-São Paulo, maior torneio da época. Entre 58 e 60, e 64 e 66, Pelé teve o melhor aproveitamento (90,4%), com Vicente Feola, o que mais o dirigiu na seleção (26 jogos).

DEPOIS DE FEOLA, o parceiro Zagallo, da ala-esquerda de 58 e 62, dirigiu Pelé em 20 jogos, entre 1970, quando ganhou pela única vez o prêmio de melhor da Copa, e 1971, técnico do último jogo. Por coincidência, a Suécia, da 1ª, e o México, da última Copa, foram os adversários que Pelé mais enfrentou, em nove jogos.

OS CINCO ADVERSÁRIOS que Pelé mais enfrentou: Argentina (10 jogos, 8 gols); Paraguai (9 jogos, 10 gols); Chile (7 jogos, 8 gols); Portugal (6 jogos, 2 gols), Peru (5 jogos, 3 gols). O Maracanã foi o estádio onde Pelé mais jogou: 37 vezes, 29 gols; marcou o milésimo e se despediu, ovacionado por 138.575 torcedores, ao sair no intervalo de 2 x 2 com a Iugoslávia, no domingo, 18 de julho de 1971.

114 JOGOS PELA SELEÇÃO, entre oficiais e amistosos: 84 vitórias, 16 empates, 14 derrotas, 95 gols, e a lembrança para sempre: com Garrincha, nunca perdeu: 36 vitórias, 4 empates, desde a estreia (2 x 0 na então União Soviética, hoje Rússia), em 15 de junho, no estádio Nya Ullevi, em Gotemburgo, pela 6ª Copa do Mundo.

DE 1958, ALÉM DA 1ª das três Copas que ganhou, Pelé dizia: “Quando chegamos à Suécia, várias garotas lourinhas me perguntavam de onde eu era. O Brasil não era conhecido”. Pelé também dizia: “Hoje, pela globalização, o jogador não deve sentir o mesmo impacto, é tudo digital. Na minha época de garoto, era de carta e telefone fixo”…

Fotos: Reprodução Instagram e Trivela