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EM MEADOS DOS ANOS 60, DEPOIS DE COBRIR A VOLTA AO MUNDO DO MADUREIRA, primeiro time das Américas a jogar na China, ainda controlada com a mão de ferro de Mao Tsé-tung, o editor Ricardo Serran me convidou para continuar, e assim fui repórter do jornal, até os Jogos Pan-Americanos de 75 no México e os Jogos Olímpicos de 76 no Canadá. Aprendi muito com Argeu, Garófalo, Julinho Delamare e tantos outros colegas de redação que sabiam muito.

O QUE NÃO FALTAVA, ERA PALPITE sobre quem ganharia o jogo mais importante do fim de semana. O resultado nem sempre provocava tanta discussão, principalmente quando a vitória não deixava dúvida. Um dos que mais gostavam de  participar, era Albano, o contínuo português, mais que fanático, doido de pedra pelo Benfica. Depois de colocar as garrafas térmicas de café sobre a longa mesa, no fundo da redação, ele ficava só esperando o papo para dar pitaco. 

ERA RECENTE A FINAL do Mundial de clubes de 62. O Benfica eliminou o Real Madrid, de Puskas e Di  Stefano, na semifinal, e Eusébio estava no auge. Mas o Santos tinha Pelé, que fez dois do 3 x 2 no Maracanã, e três do 5 x 2 na Luz, deixando o guarda-redes ( goleiro, em Portugal) Costa Pereira bem tenso. Pelé saiu aplaudido pela malta (torcida, em Portugal), enquanto a força de Eusébio só voltaria em 66, primeiro português artilheiro da Copa do Mundo. 

SEM ARGUMENTO PARA ESTENDER a polêmica, embora não querendo admitir que Pelé era melhor que Eusébio, o bom Albano buscou outra saída, e mandou a seguinte pérola: “Vocês só faltam querer comparar Pelé a Deus, e que o Santos é isso, o Santos é aquilo, mas vocês sabem que o Santos não tem um título que o Benfica tem”. E, diante do espanto geral, mandou: “O Santos nunca foi campeão da Europa…” Ao que Argeu emendou: “Não seja por isso. O Benfica também nunca foi campeão sul-americano…”

Foto: Santos FC