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Francesco Tosto, ao centro, com Ildo Nejar à sua esquerda, e Deni Menezes, na foto de Marcelo Santos.

Neste 2019 que está começando, o tricolor Francesco Tosto comemora 55 anos da banca de jornais que herdou em 1964 do avô Giacomo, na esquina das Avenidas Nilo Peçanha e Rio Branco, no Centro do Rio de Janeiro, meses após chegar de Paolla, pequena cidade do sul da Itália, a duas horas de Napoles. Trinta anos depois, ele bateu todos os recordes de venda de jornais, na segunda-feira, 2 de maio de 1994, dia seguinte ao da morte de Ayrton Senna, o paulista campeoníssimo da Fórmula 1.

“Só não posso te dizer quantos jornais vendemos exatamente porque a reposição feita pelos caminhões de entrega foi grande e eles não paravam de chegar, e o público de comprar até que todos os jornais se esgotassem” – recorda Tosto, lembrando que “nunca houve nada parecido”, em termos de interesse dos leitores. “Foi impressionante a venda de jornais naquela segunda-feira, um dia depois da grande tristeza da morte do Senna” – faz questão de salientar.

LOJA DE CONVENIÊNCIA – Francesco Tosto diz que banca de jornal e revista virou loja de conveniência, desde que a internet surgiu como o mais rápido meio de comunicação: “Hoje não comercializo mais nenhum jornal e são poucas as revistas que vendo. A internet achatou de vez os impressos e nenhum cliente vem à banca para comprar jornal. Por isso é que passamos a vender biscoitos, refrigerantes, chocolates e cigarro, produto preferido das mulheres, da faixa de 25 anos, que compram todos os dias”.

FRANCESCO TOSTO revela que bares e padarias não vendem mais cigarro, daí o movimento de compra ter aumentado de forma acentuada nas bancas: “O preço do cigarro varia de 7 a 25 reais e o público não reclama. Os maços mais caros, de 15 a 25 reais, estão sempre no topo das vendas. Chama mesmo a atenção o grande número de clientes mulheres e mesmo que a maioria esteja em torno dos 25 anos de idade, há as bem mais velhas que não deixam de comprar” – ressalta Tosto.

AMIGOS DO FUTEBOL – Francesco Tosto diz que sempre recebeu figuras do futebol em sua banca. Entre os mais antigos, o Samarone – meia-atacante do Fluminense, campeão 69 e 71 –, Afonsinho – meia do Botafogo, bicampeão 67-68 – e Luisinho Lemos – maior artilheiro do América e atual técnico do time -, que até hoje, de quando em vez, aparece na banca. Tosto recorda também do ex-lateral Paulinho de Almeida, do Vasco, e do ex-meia Orlando, Pingo de Ouro, campeão em 46 e 51 no Fluminense. “Orlando tinha uma imobiliária no Avenida Central, assim que o edifício inaugurou” – diz ele.

EX-PRESIDENTES – Entre os que já se foram, Francesco Tosto lembra muito do almirante Heleno Nunes, vascaíno que presidiu a CBF. Octávio Pinto Guimarães, botafoguense que foi presidente da Federação Carioca e depois da CBF. Agathyrno Gomes, presidente do primeiro título brasileiro do Vasco em 74, e Manuel Schwartz, presidente do tri do Fluminense em 83-84-85. “Eram figuras simples e agradáveis, que sempre passavam para um bate-papo, mesmo que fosse rápido” – diz Tosto.

SAUDADE DO AMÉRICA – Ainda que apaixonado pelo Fluminense, que viu ser campeão em 64, 69, 71, 75, 76 e no tri 83-84-85, Tosto diz que sente saudade do América, “mesmo que o América tenha ganho da gente a Taça Guanabara de 74”, porque era um time de jogadores técnicos: “Ivo, Bráulio, Tadeu e Edu formaram um meio-campo excepcional” – diz ele, lembrando que seu amigo Ildo Nejar, ex-diretor do América e até hoje frequentador da banca, trouxe vários bons jogadores do futebol gaúcho. 

FRANCESCO TOSTO tem a matrícula 2889 do Sindicato dos Vendedores de Jornais e Revistas no Estado do Rio de Janeiro. Ele espera que em 2019, quando completará 67 anos em junho, o Fluminense volte a ser campeão, de preferência carioca e brasileiro, e que possa deixar o caminho aberto para enfim ganhar a Libertadores e o Mundial de clubes: “Não estou querendo muito, não. O Fluminense tem tradição de grandes títulos e precisa renovar as conquistas em 2019. Os tricolores merecem”.