Escolha uma Página

Alegra-me registrar os 35 anos hoje, 24 de junho de 2020, do recordista Diego Alves, carioca da Tijuca, que começou a brilhar aos 18 anos, mas só tornou real o sonho de jogar no clube do coração, ao vestir a camisa do Flamengo, aos 32 anos, quando estreou em 31 de julho de 2017, no 1 x 1 do Campeonato Brasileiro na Arena Corinthians. Foram quatro escalas, com títulos e recorde após recorde, com pênaltis defendidos, alguns de cobradores notáveis, tipo o artilheiro Cristiano Ronaldo.

ALEMANHA – Diego Alves ainda ia completar 18 anos quando estreou no Botafogo, de Ribeirão Preto, 315 km ao Noroeste de São Paulo, onde a família morava. No primeiro ano como titular da equipe que revelou o doutor Sócrates, ele foi o melhor goleiro dos torneios ganhos no interior da Alemanha, em 2003: Copa Nokia, em Dusseldorf; Copa LZO, em Bremen, e Copa Finazngroupe, em Oberndorf. Destacou-se pela elasticidade, antecipação, bom sentido de colocação e pelas defesas arrojadas

DOIS TÍTULOS – Depois de dois anos no Botafogo, Diego Alves chegou ao Atlético Mineiro no último ano como júnior e logo promovido a titular, ganhando os dois primeiros títulos nos anos seguintes. Em 2006, campeão da Série B do Brasileiro, foi importante na volta do time à elite, e em 2007, ganhou de novo o prêmio de melhor goleiro ao conquistar o campeonato mineiro. Foram 61 jogos com a camisa 1 do Atlético, que o negociou por 2.500 mil euros com o modesto Almeria, da Espanha.

INÍCIO DOS RECORDES – Diego Alves chegou em junho de 2007 e em poucos meses, na cidade portuária de Almeria, encantava a comunidade autônoma da Andaluzia, um dos símbolos da rica história espanhola. Ficou 618 minutos sem sofrer gols, superando o recorde de Iker Casillas, do todo-poderoso Real Madrid, o que tornou o recorde ainda mais valorizado, e defendeu sete pênaltis em treze cobranças, uma delas de ninguém menos do que o notável artilheiro português Cristiano Ronaldo.

TEMPOS DIFÍCEIS – Foram 125 jogos de deixar saudade em quatro anos em Almeria, mas em junho de 2011, Diego Alves saiu para o Valencia, que pagou 3 milhões de euros (hoje em torno de R$18 milhões). Em maio de 2015, sofreu contusão grave no joelho e voltou nove meses depois, em fevereiro de 2016. Antes de sair, em abril de 2017, em Valencia 3 x 0 La Coruña, defendeu pênalti do kwaitiano Faiçal Faraj e ampliou o recorde, com 24 defesas em 53 cobranças.

SONHO REALIZADO – Em julho de 2017, o Flamengo pagou ao Valencia 500 mil euros  R$1.800 mil  por Diego Alves, menos da metade dos R$4 milhões pagos um ano antes ao Figueirense por Alex Muralha, que tinha salário de R$150 mil. Diego Alves entrou ganhando R$500 mil de salário e os R$200 mil das luvas, diluídos no decorrer do contrato, que termina em dezembro de 2020, e ele está desde já acertando a renovação para continuar, depois de realizar o sonho, no clube do coração.

AS 17 DEFESAS – Em 25/9/2016, Diego Alves tornou-se recordista na Espanha – 17 defesas em 39 cobranças -, ao defender a de Alexander Szymanowski, argentino, filho de poloneses, lateral do Leganés, superando Andoni Zubizarreta, hoje aos 58 anos, goleiro de 301 jogos no Barcelona, de 86 a 94, e da seleção em quatro Copas do Mundo e três Eurocopas. Enquanto Diego Alves defendeu 17 em 39 cobranças, Zubizarreta defendeu 16 em 107 pelo Barça.

SUPEROU DOIS – O segundo recorde de Diego Alves foi em uma só temporada, em 2017, quando defendeu seis pênaltis, superando outros dois notáveis goleiros espanhóis, que defenderam cinco: Pepe Reina, hoje aos 37 anos, no inglês Aston Vila, emprestado pelo Milan, depois de brilhar no Barcelona, Liverpool e Napoli, e Manzanedo, um dos goleiros históricos do Real Madrid. Bom dizer: nos jogos com o Real Madrid, Diego Alves defendeu três pênaltis em quatro cobranças de Cristiano Ronaldo.

54 PÊNALTIS – Durante os 178 jogos em suas seis temporadas no Valencia, Diego Alves defendeu 26 dos 54 pênaltis: 26 não conseguiu evitar; um foi na trave e outro no travessão. Em 2010, foi eleito melhor goleiro do Campeonato Espanhol pelo site WhoScored. O primeiro pênalti que Diego Alves defendeu no Flamengo foi o de Lucca, na noite da segunda-feira, 2/10/2017, em jogo do Campeonato Brasileiro, em Campinas, evitando que a Ponte Preta (1 x 0) ampliasse a vantagem.

OS SEGREDOS – Na visão de Diego Alves, não há apenas um fator decisivo, mas um conjunto de fatores decisivos nos pênaltis. E ele revela: 1 – “O goleiro pode usar a técnica, o reflexo, a agilidade, a intuição, sem desprezar a boa observação2 – “O goleiro precisa saber analisar bem o estilo do cobrador: se chuta forte ou colocado; se é destro ou canhoto; se bate rasteiro ou no alto; se prefere o canto ou o ângulo; se aguarda o goleiro sair para depois bater. Tudo isso em questão de segundos, nada fácil.

DIEGO ALVES tem outro conceito sobre o tiro livre da marca da cal (substantivo feminino, a cal): “Vejo o pênalti como uma grande guerra psicológica entre o batedor e o goleiro. Não pode haver indecisão, só certeza e confiança. O goleiro tem que ser frio, gelado, para tomar a decisão de sair na boa, vendo a iniciativa do batedor. É um momento de poucos segundos com tanta coisa em jogo, cabeça a mil. Essa história de sorte é muito relativa. Prevalece a segurança de quem bate e de quem defende”.

Fotos: Thiago Ribeiro/AGIF, Coluna do Fla, Lance, Torcida do Flamengo, CBF, Trivela, Goal, Torcedores, Papo da Nação, Notícias do Fla, Yahoo Esportes e Besoccer.