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O ANO SEMPRE COMEÇA COM O ANIVERSÁRIO DE ROBERTO RIVELLINO, que neste sábado, 1 de janeiro de 2022, completa 76 anos. Terceiro que mais vestiu a camisa da seleção – 120 jogos, 40 gols -, o paulistano do Brooklin, bairro nobre da capital, ganhou em dois anos no Fluminense o que não conseguiu em nove anos no Corinthians. Foi a figura central do primeiro bicampeonato tricolor no Maracanã, no ano do jubileu de prata do então maior estádio do mundo.

DRIBLE DO ELÁSTICO – Domingo, 1 de junho de 1975, gol à direita da tribuna de honra. Frente a frente com o volante Alcir Portela, Rivellino aplicou o drible do elástico no capitão do Vasco, entrou na área, passou entre os zagueiros Miguel e Renê, e finalizou no canto esquerdo do goleiro argentino Andrada. Fluminense 1 x 0, mantendo a liderança em oito rodadas do returno, que ganharia com 18 vitórias e 53 gols, 11 de Rivellino, com o primeiro título de campeão carioca.

PARA QUEM NÃO SABE, o drible do elástico, que Rivellino criou, na época em que futsal era chamado de futebol de salão, consiste no movimento de vaivém com a bola, usando o mesmo pé, no caso dele, o esquerdo. Nasceu canhoto, de pé e mão. Ele sempre disse que “o pouco espaço em quadra, obrigava a ser mais rápido, e a pensar ainda mais rápido”. Rivellino agradece muito ao bicampeão mundial Didi, seu técnico no primeiro título carioca: “Que visão. Sabia tudo”.

Umas das formações do Fluminense campeão carioca de 1975: Félix, Zé Maria, Silveira, Zé Mário, Assis e Marco Antônio; Gil, Carlos Alberto Pintinho, Manfrine, Rivellino e Paulo Cezar Caju.

A MÁQUINA E DONA FLOR – Rivellino repetiu os 11 gols de 1975, em 28 dos 32 jogos, no bi da Máquina de 1976, mais firme na defesa – Renato, Carlos Alberto Torres, Miguel, Edinho e Rodrigues Neto -, no meio – Pintinho, Rivellino e Dirceu – e na frente: Gil, Doval e Paulo Cezar. Com 3.070.016, foi o Campeonato Carioca com mais pagantes em 90 anos, em que a Máquina lotava o Maracanã e “Dona Flor e seus dois maridos” lotava os cinemas para ver Sonia Braga nua.

SÁBADO DE CARNAVAL – A torcida do Corinthians culpou Rivellino pela perda do Campeonato Paulista de 74 para o Palmeiras. O Fluminense aproveitou e foi buscá-lo, promovendo sua estreia em amistoso no sábado de Carnaval, 8 de fevereiro de 75, com 40.547 pagantes. Rivellino fez 1 x 0 aos 25 e 2 x 0 aos 38, de cabeça. Lance fez o gol do Corinthians, e no 2º tempo, Rivellino fez o 3º aos 17, encobrindo o goleiro. Gil, de pênalti, completou a goleada (4 x 1) aos 27.

O TIME DA ESTREIA DE RIVELLINO: Roberto (Paulo Sergio), Toninho, Silveira, Assis e Marco Antonio (Edinho); Zé Mario, Cleber (Erivelto) e Rivellino; Cafuringa, Gil e Mario Sergio, sob a orientação do técnico Paulo Emílio. Além de bicampeão carioca, Rivellino ganhou a Copa Viña del Mar de 76 no Chile; o Torneio de Paris de 76 – 2 x 0 no PSG e 3 x 1 na seleção da Europa -, e a Taça Teresa Herrera de 77, com 2 x 0 no Feyenoord e 4 x 1 no Dukla, base da seleção checa.

GOL DA ESTREIA NA COPA – Rivellino fez 57 gols em 159 jogos com a camisa tricolor, entre 75 e 78, quando saiu para o fim da carreira no saudita Al Hilal. O 1º dos 120 jogos pela seleção foi em 16 de novembro de 65, perdendo (2 x 0) o amistoso com o Arsenal de Londres, e o último, em 24 de junho de 78, na vitória (2 x 1) sobre a Itália, que valeu o 3º lugar na Copa, em que não disputou quatro dos sete jogos, sofrendo com as contusões. 

DOS 40 GOLS EM 120 JOGOS pela seleção, dois de falta são sempre lembrados: o primeiro, da estreia na Copa de 70, empatando após o checo Petras fazer 1 x 0, e o da vitória (1 x 0) sobre a Alemanha Oriental, após Jairzinho se abaixar na barreira. Pela violência de seus chutes, Rivellino ganhou do narrador Waldir Amaral o apelido de Patada Atômica. Outro apelido foi o de Curió das Laranjeiras, por gostar muito de criar passarinhos, que ganhava dos torcedores do Fluminense.

RIVELLINO FOI FIGURA DE DESTAQUE no torneio do Bicentenário dos Estados Unidos, que a seleção ganhou em 1976, repetindo placares da Copa de 70, nas vitórias por 1 x 0 sobre a Inglaterra e 4 x 1 na final com a Itália. Formou com Falcão e Zico um meio-campo que o técnico gaúcho Oswaldo Brandão resumia como “um trio de sonho”. Rivellino sofreu com dores na coluna, e algumas vezes dormiu no chão, forrado só por um lençol, como me contava Mário Travaglini, técnico de 76, quando o time se concentrava no Hotel Glória.

Fotos: Jogos das Copas e Iamgens / Futebol do Vale