ALEGRA-ME registrar os 85 anos do capixaba Sebastião Leônidas, nascido na quarta-feira, 6 de abril de 1938, em Jerônimo Monteiro, na região central do Sul do estado do Espírito Santo, a 185 km da capital Vitória. Poucos se lembram, mas Zagallo só improvisou o volante Wilson Piazza na zaga, ao lado de Brito, na Copa de 70, porque dias antes da última convocação, uma contusão tirou o nome de Leônidas da lista. Foi um dos zagueiros mais técnicos e leais, entre os melhores de sua geração.

POUCO ANTES de completar 20 anos, Sebastião Leônidas foi campeão mineiro de 1957 no América, de onde saiu em 1959 para ser campeão de 1960, último título carioca do América, primeiro campeão do então recém-criado estado da Guanabara. Na campanha de 16 vitórias, 5 empates e só uma derrota, o técnico Jorge Vieira o escalou també m no meio-campo com Amaro, que pouco depois foi para Turim, e formou com o argentino Omar Sívori, na Juventus, uma dupla de técnica altamente refinada.

QUANDO O BOTAFOGO ganhou o segundo bicampeonato no Maracanã, e m 1967-68, o técnico era Zagallo, ponta do primeiro bi, em 1961-62, naquele ataque com Garrincha, Didi, Quarentinha e Amarildo, todos da seleção, tal como mestre Nilton Santos. Zagallo teve Leônidas em todos os 18 jogos de 67-68, em que o Botafogo só perdeu 1 jogo. Cinco anos depois, o time também era bom, mas quem causava arrepios era o ataque: Rogerio, Gerson, Roberto, Jairzinho e Paulo Cezar. De novo, todos da seleção.

LEÔNIDAS ERA UM, dos oito titulares, que a então CBD, hoje CBF, escolheu para um amistoso com a Argentina, no Maracanã, na noite da quarta-feira, 7 de agosto de 1968: Félix (Fluminense), Moreira, Brito (Vasco), Leônidas e Valtencir; Carlos Roberto e Gerson; Nado (Vasco), Roberto, Jairzinho e Paulo Cezar. Depois que Valtencir, Roberto (2) e Jairzinho fizeram 4 x 0, o futuro técnico Álfio Basile, bom zagueiro fez o gol argentino, sem tempo para que o árbitro Armando Marques autorizasse nova saída.

ESTAVA CRIADA A SELEFOGO, com Sebastião Leônidas comandando a cozinha; Carlos Roberto carregando o piano e Gerson dando o recital. Paulo Cezar, que liderava o toque de bola refinado do olé, relembra que foram trocados 49 passes, sem que nenhum argentino pusesse o pé na bola, antes de Jairzinho fechar a goleada. Essa é uma das grandes lembranças de Sebastião Leônidas, que nunca alterou o tom de voz e sempre manteve a melhor convivência com os companheiros e também com os adversários.

SEBASTIÃO LEÔNIDAS entrou de vez na história do Botafogo, já então como técnico, ao dirigir o time dos 6 x 0, no 15 de novembro de 72, quando o Flamengo comemorava 77 anos. A goleada, assinada por Jairzinho, com três gols (na época não se usava hat-trick), um de letra; dois do argentino Rodolfo Fischer, e um de Ferreti, está no livro “Os 100 maiores jogos do Brasileirão”. Leônidas só lamenta que na boca do outro túnel estivesse seu amigo, parceiro e orientador Zagallo: “As melhores lições aprendi com ele”.

Foto: Reproduação e Museu da Pelada