Queiram ou não, os caprichos dos deuses do futebol foram responsáveis pela eliminação da França, na cobrança em que Mbappé, seu jogador mais jovem e valioso, revelação e campeão do mundo em 2018, foi o único dos dez batedores a não converter o pênalti, que o goleiro Sommer defendeu. O jornal Le Parisien resumiu com uma palavra e a foto do atacante de 22 anos, a tristeza dos franceses: “Désillusion”. Pelé mandou mensagem para que ele não se deixe abater.
PRECISÃO – A Suíça tinha consciência da superioridade da França e soube se defender, adotando cautela na marcação e na ocupação dos espaços, mesmo depois de obter a vantagem, com o gol de cabeça, aos 15 minutos, de Haris Seferovic, artilheiro do Benfica. A nova e grande chance não foi aproveitada, aos 9 do segundo tempo, pelo lateral Ricardo Rodriguez, especialista em faltas e pênaltis, que bateu mal, dando ao goleiro Hugo Lloris a chance de defesa.
A VIRADA – Foi o sétimo pênalti não convertido na Eurocopa. A França ganhou fôlego, cresceu e foi fulminante na virada em dois minutos, com os gols de Benzema, agora com 31 na seleção, aos 12 e aos 14 minutos, ambos com a participação de Mbappé. No do empate, com assistência, após trocar passes com Griezmann; no do desempate, aproveitando o rebote do goleiro. Aos 30, Paul Pogba acertou o ângulo, no gol mais bonito: França 3 x 1 e a (falsa) impressão de que o jogo estava decidido.
REAÇÃO – A Suíça decidiu se soltar e surpreendeu com a reação gradativa, enquanto os franceses tentavam, como gostam de dizer alguns, “administrar o jogo”. Eis que voltou a brilhar a estrela de Haris Seferovic, com outro gol de cabeça, aos 30. Aos 45, “em cima da pinta”, como narrava Waldir Amaral, eis que Mario Gravanovic, de 31 anos, o mais velho da seleção, artilheiro do Dínamo de Zagreb (Ucrânia), empatou com chute cruzado, em seu décimo quinto gol.
PRORROGAÇÃO – Nos acréscimos, o atacante Coman acertou a trave aos 49, quase evitando a prorrogação. Os suíços não quiseram se arriscar tanto no tempo extra e os franceses demonstravam certo cansaço. 3 x 3 mantido, nos pênaltis o aproveitamento foi (quase) 100%. Gravanovic converteu o primeiro e foi bom exemplo para Schar, Akanoi, Vargas e Mehmedi, que aproveitaram os outros. Giroud, Thuram e Kimpembe também acompanharam Pogba, que converteu o primeiro da França. O goleiro Yann Sommer, de 32 anos, escolheu o canto certo e defendeu a cobrança de Mbappé.
82 ANOS DEPOIS – A Suíça nem se lembrava de que havia participado de quartas de final de torneio internacional de expressão em 1938, na terceira Copa do Mundo, na França, em que a Itália se tornou a primeira a ganhar duas Copas consecutivas, depois da 1934 que promoveu. 82 anos depois, os suíços voltam às quartas de final, goleando (8 x 0) a indefesa Cuba, após terem se classificado nas oitavas porque a Áustria desistiu.
NOVIDADE – O árbitro Fernando Rapallíni, de 43 anos, argentino nascido em La Plata, tornou-se o primeiro sul-americano a apitar na fase final de um torneio europeu. Ele atuação correta em Suíça 3 x 3 França, aplicando sete cartões amarelos – Varane, Pavard e Coman, da França, e Elvedi, Akanji, Xhaka e Ricardo Rodriguez -, merecendo elogios da comissão de arbitragem da União Europeia de Futebol (Uefa).
INTERCÂMBIO – Os presidentes Alejandro Dominguez, da Confederação Sul-Americana de Futebol, e Aleksander Ceferin, da União Europeia de Futebol, acertaram intercâmbio, e um árbitro europeu atuará na fase final da Copa América. Rapallíni marcou 27 faltas, sendo 13 da seleção suíça.
Foto: Reuters