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A seleção feminina de futebol do Brasil foi eliminada pela França na prorrogação, mas não decepcionou na derrota (2 x 1) deste penúltimo domingo (23) de junho, diante de 23 mil torcedores, no estádio Oceano, em Le Havre, que significa O Porto, em francês. O apelo dramático de Marta, maior artilheira da história das oito Copas do Mundo do futebol feminino, quase chegando às lágrimas, foi comovente, sobretudo ao encerrar: “Acreditem em nós. Não desanimem. Tenham forças”.

EQUILIBRADO – O diferencial da França foi o condicionamento fisico, que levou a seleção anfitriã à vitória na prorrogação, depois de jogo equilibrado no 0 x 0 do primeiro tempo, e até o fim dos 90 minutos. O Brasil sofreu o gol aos 7, após grande arrancada da meia Diani, do próprio campo, que fez o cruzamento para a atacante Gauvin completar na pequena área. Guerreiras, as brasileiras empataram com a meia Thaísa, aos 18, em belo chute rasteiro no canto esquerdo, e mantiveram o jogo equilibrado.

CHANCE PERDIDA – Mesmo sem a atacante Cristiane, que saiu logo no início da prorrogação, sem poder pisar com o pé esquerdo, o Brasil teve a melhor chance, perdida pela atacante Debinha, no último lance, permitindo que a zagueira Mbock evitasse o gol, quase sobre a linha. As francesas iniciaram o segundo tempo da prorrogação pressionando e fizeram o gol que lhes valeu a classificação logo no primeiro minuto. A lateral Torrent bateu falta de canhota e a capitã Amandine Henry completou, também de pé esquerdo, antes da linha da pequena área.

AS VENCEDORAS – Sara Bouhaddi, Torrent (Perisset), Mbock, Renard e Majri (Karchaoui); Amandine Henry (cap), Asseyi, Diani e Bussaglia; Gauvin e Le Sommer. Foi a nona vitória consecutiva da França, desde agosto de 2017, dirigida pela ex-zagueira Corinne Diacre, que marcou 14 gols em 121 jogos pela seleção, de 93 a 2005. Linda, charmosa e elegante, com seu belo blazer azul-marinho, ela chamou a atenção no fim do jogo pela comemoração alegre, mas bem discreta. Mulher de classe, essa francesa de 44 anos, loura e de olhos azuis, nasceu na pequena Croix, perto de Lille, principal cidade do Norte.

BRASIL – Barbara, Letícia (Daiane), Kathlen, Monica e Tamires; Formiga, Thaísa e Ludmila; Debinha, Marta e Cristiane (Geyse). O técnico Oswaldo Alvarez (Vadão) foi ponderado em suas declarações e correto ao elogiar a aplicação das jogadoras que comandou. A meia Thaísa, autora do gol, destacou que o lado direito, por onde o Brasil sofreu os dois gols, era o forte da seleção francesa: “Penso que nossa participação foi boa e que saímos de forma bem honrosa”.

BARBARA E A TRAVE – Enquanto algumas colegas buscavam se consolar em abraços e outras não resistiam às lágrimas, a goleira Barbara, sem culpa nos gols que sofreu, sentou-se e ficou só, encostada à trave esquerda, durante muitos minutos. A primeira a se aproximar dela foi Solène Durand, goleira reserva, que joga no modesto Guingamp, e procurou reanimá-la com afago no rosto e na cabeça. A meia Formiga, de 41 anos, que deixa a seleção após 7 Copas e 6 Olimpíadas, também precisou ser consolada.

O PRÊMIO DA CAPITÃ – Amandine Henry, de 29 anos, está completando 10 anos na seleção, desde que estreou em 2009 e logo se firmou como uma das grandes jogadoras de meio-campo, pela firmeza na marcação, pela distribuição do jogo e pelas finalizações, que treina muito. Onze vezes campeã francesa pelo Lyon, é capitã do time cinco vezes campeão da Europa e da seleção, e foi também campeã da Liga americana, na única temporada em que jogou no Portland Thorns, da cidade de Portland, no estado do Oregon, considerada a mais esquisita dos Estados Unidos. O gol da classificação francesa foi o prêmio de Henry.

Foto: Gazeta Esportiva