A LIDERANÇA DO BOTAFOGO, depois de oito rodadas do Campeonato Brasileiro, com sete vitórias, uma derrota, segundo ataque mais positivo (16, o do Palmeiras tem 17); o artilheiro Tiquinho Soares (6 gols em 7 jogos) e defesa menos vazada (6, igual à do Fortaleza), está causando desconforto nos torcedores rivais, alguns até chamando o time de “cavalo paraguaio”, o que só pode ser interpretado como gozação, de vez que abriu cinco pontos de vantagem sobre o vice-líder.

O TÉCNICO PORTUGUÊS Luis Castro, de 61 anos, faz questão de abordar dois aspectos, que considera de relevada importância para o bom início: “A equipe foi muito castigada durante todo o Campeonato Carioca. Bateram muito nos jogadores, até com palavras depreciativas, simplesmente porque o Botafogo não conseguiu entrar na fase final e teve que disputar o quinto lugar. Não quiseram saber que estávamos aproveitando os poucos dias para a preparação”.

LUIS CASTRO ressalta outro ponto: “Os que não convivem no dia a dia com os nossos jogadores não podem saber o quanto são evoluídos mentalmente. Se assim não fossem, não teriam suportado as agressões e a violência verbal que sofreram com críticas de todos os lados, como se fosse um pugilista levando socos do mais forte, até o nocaute. Sinto orgulho dos jogadores que dirijo porque são fortes, conscientes, suportam e sabem reagir”.

O TÉCNICO DO BOTAFOGO critica e condena o calendário do futebol brasileiro: “O Botafogo fez 17 jogos em intervalo de dois, três dias, com viagens longas. Quinta-feira (25) estávamos no Peru; domingo (29) jogamos em nosso estádio, onde voltaremos a jogar 4ª feira (amanhã, 31), e sábado (3 de junho) estaremos em Curitiba. Isso é violentar o corpo de qualquer profissional. Os jogadores devem ser reconhecidos e exaltados por cumprirem bem a missão”.

O DESEMPENHO DEFENSIVO é outro ponto importante na análise do técnico: “O Botafogo só sofreu seis gols em oito jogos porque a coordenação defensiva dos jogadores é muito boa, em bloco, porque todos participam, fechando bem, sem dar espaço para o adversário atacar. Falam muito em posse de bola, mas quero dizer que o Botafogo não precisa ter tanto a bola para chegar ao gol. Quando mais parecemos dominados, uma arrancada nos leva ao gol”.

LUIS CASTRO diz que os jogadores do Botafogo são disciplinados e cumprem o que lhes é pedido: “São simples e sabem assimilar bem”. Sobre o meia-atacante Eduardo, o técnico destacou: “Está entre os que assimilam com mais rapidez, o que não me causa surpresa alguma porque trabalhamos no FC Porto e já o conheço bem. Eduardo é um jogador habilidoso e inteligente. Antes que a bola lhe chegue, já sabe o que vai fazer na sequência”.

BOM DIZER: a expressão “cavalo paraguaio” teve origem no primeiro domingo (6) de agosto de 1933, quando Mossoró, montado por Justiniano Mesquita, ganhou o primeiro Grande Prêmio Brasil de Turfe, no Hipódromo da Gávea, inaugurado sete anos antes (11/7/1926). Um paraguaio era dono do cavalo pernambucano Mossoró, que contrariou todas as expectativas e com uma largada inesperada venceu o páreo de ponta a ponta. A expressão “cavalo paraguaio” foi adotada nas transmissões de futebol pelo comentarista Luiz Mendes, com quem tive a honra de trabalhar e aprender.

Fotos: Lance!