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O maior torneio de clubes do mundo, disputado desde a temporada 55-56, com os cinco primeiros ganhos pelo Real Madrid, maior vencedor com treze, pode ver o Bayern levantar a taça, carinhosamente chamada de orelhuda, pela sexta vez, ou então conhecer um campeão inédito, o PSG, que terá um brasileiro se despedindo, ao completar 315 jogos com 23 títulos, incluídos os sete últimos campeonatos consecutivos. Tiago Silva está de aviso prévio desde junho, após sete temporadas no clube.

TIAGO SILVA deu sequência no PSG ao desempenho que outros zagueiros brasileiros tiveram, não só no clube francês, mas em outros de primeira linha da Europa. Entre os mais recentes, Abel Braga, que após atuações seguras na zaga do PSG, em 45 jogos e 10 gols, entre 79 e 81, foi também técnico do Olympique de Marselha, na temporada 2000-01, antes entrar no grupo seleto de treinadores brasileiros que ganharam, no mesmo ano, a Libertadores e o Mundial de clubes, como ele fez em 2006 no Internacional. 

RICARDO GOMES continuou mantendo elevada a imagem dos zagueiros brasileiros na Europa, em 115 jogos e 11 gols, entre 91 e 95 no PSG, campeão francês em 93-94, e depois como técnico, campeão da Liga Francesa e da Copa da França, também no Bordeaux, onde passou a diretor técnico. Conversei com Ricardo Gomes, pelo celular, sobre a final deste domingo (23), no estádio da Luz, que ele tão bem conhece pelos exatos 100 jogos e 23 gols, que marcou pelo Benfica, entre 88-91 e 95-96. 

A DIFERENÇA – Na visão de Ricardo Gomes, “o PSG se baseia nas individualidades, confiando em que Neymar e Mbappé, em um lance, são capazes de decidir, mostrando a diferença que fazem”, enquanto, diz ele, “o Bayern é mais forte em conjunto e mais obediente na armação tática, sem que possa esquecer que não tem só Muller e Lewandowski para decidir, como Gnabry mostrou nos dois gols no Lyon”. 

RENOVAÇÃO – O PSG e o Bayern, na análise de Ricardo Gomes, representam bem a força do futebol da França e da Alemanha, não à toa, os times com sete e oito títulos nacionais consecutivos. Ele vê além, em nível de seleção: A França ganhou a Copa de 2018, com base na renovação, bastando citar o Mbappé, então aos 19 anos, como um dos que terão mais futuro. Quando lhe perguntei se receia que o Brasil complete cinco Copas sem ganhar a taça, ele foi ainda mais direto: “Não sei, não sei. Só espero que não”.

EM COMUM – Tiago Silva e Ricardo Gomes têm mais em comum do que apenas serem cariocas e terem sido campeões no Fluminense, clube do coração. Em 89, Ricardo Gomes foi o capitão que voltou a erguer a Copa América, após 40 anos, quando ainda era Campeonato Sul-Americano, o Maracanã não existia, e o Brasil ganhou em São Januário, em 1949. Trinta anos depois, já no novo Maracanã, Tiago Silva foi o capitão que levantou a Copa América, em 2019, após 3 x 1 na final com o Peru.

A DECISÃO – Não é só porque PSG e Bayern nunca fizeram uma final, mas porque, pela primeira vez, uma final será sem público, contraste chocante com os 65.642 assentos do estádio da Luz, que, com justificado orgulho, os benfiquistas chamam de A Catedral, tendo à entrada a estátua, em tamanho natural, do ídolo Eusébio, único português artilheiro de uma Copa do Mundo. A final também é inédita para o italiano Daniele Orsato, de 44 anos, saído da província de Vicenza, a 533 km de Roma, para apitar seu jogo 229, nono da Champions 2019-20.

CAMPANHAS – Na reta final da Champions League 2019-20, o PSG só perdeu (2 x 1) o jogo de ida das oitavas com o Borussia Dortmund, na Alemanha, ganhando (3 x 0) na volta em Paris. Nas quartas de final, a grande virada (2 x 1) na italiana Atalanta, e nas semifinais, 3 x 0 no alemão Leipzig. O Bayern Munique, ganhou todos jogos: nas oitavas, 3 x 0 e 4 x 1 no inglês Chelsea. Nas quartas, o histórico 8 x 2 no Barcelona, e nas semifinais, 3 x 0 no francês Lyon.

OUTRA VEZ – Quatro anos depois, Neymar e Gnabry se enfrentam de novo em uma final, como no Maracanã, nos Jogos Rio 2016, em que o Brasil ganhou pela primeira vez a medalha olímpica de ouro, com 5 x 4 nos pênaltis com a Alemanha. Neymar converteu o último, no ângulo esquerdo do goleiro. Gnabry foi o artilheiro do torneio com 6 gols. Bom dizer: Neymar hoje (23) o vigésimo segundo título em vinte e sete finais.

RECORDE – Robert Lewandowski comemorou 32 anos anteontem (21, mesmo dia do aniversário do Vasco). Quer o sexto título da Champions em sua décima primeira decisão, já como artilheiro 2019-20. Com 15 gols, precisa de dois, na final de hoje com o PSG, para igualar o recorde de Cristiano Ronaldo, em uma única edição, que marcou 17 gols em 2013-14, no primeiro dos quatro títulos que ganhou no Real Madrid. É o jogo 288 de Lewandowski, com 245 gols pelo Bayern, desde 2014.

MAIS JOVEM – Kylian Mbappé, comprado do Mônaco por 180 milhões de euros, pode ser, aos 21 anos, o mais jovem a ganhar a Copa do Mundo de 2018, em que recebeu o prêmio de revelação, e a Liga dos Campeões 2019-20. Seu jogo 125, com 90 gols pelo PSG, desde 2018, depois de 60 jogos e 27 gols pelo Mônaco, entre 2015 e 2018. Pela seleção, 34 jogos, 13 gols. Mbappé nasceu em 20/12/98, em Bondy,  pequeno município, 10 km ao Nordeste de Paris, cinco meses depois que a França ganhou a primeira Copa do Mundo.

BAYERN – Neuer, Kimmich, Boateng, Alaba e Davies; Goretzka, Thiago, Gnabry e Perisic; Thomas Muller e Lewandowski. Técnico – Hans-Dieter Flick, alemão de 55 anos, ex-meia, assistente do técnico Joachim Low, campeão do mundo em 2014 no Brasil. O Bayern ganhou a Liga dos Campeões 1974-75-76, 2001 e 2003. 

PSG – Navas, Kehrer, Thiago Silva, Kimpembe e Juan Bernat; Marquinhos, Gueye e Marco Verratti; Di Maria, Neymar e Mbappé. Técnico – Rudi Garcia, francês de 56 anos, ex-meia. 

Foto: Curioso do Futebol, Gazeta Esportivas, Torcedores, Diário AS e 90 min.