O TOM DAS RECLAMAÇÕES aumentou na 14ª rodada, e vai aumentar ainda mais na sequência do campeonato, em que todos querem ganhar no grito. Repassar à arbitragem é bem mais fácil do que reconhecer e assumir falhas, o que vale para jogadores, técnicos e dirigentes, reincidentes, sem compostura. O Flamengo reclama de pênalti; o Palmeiras, de gol anulado; o jogo foi paralisado duas vezes por gás de pimenta, e uma torcedora morreu, atingida por uma garrafada.
É O RESUMO DA IMAGEM do futebol brasileiro. Na visão do Goiás, “sem credibilidade, esfacelado, com tragédias anunciadas em todas as rodadas”. O vice-presidente do clube, 17º entre os 20, vai além, dizendo-se “enojado” e atribuindo ao árbitro a culpa pela derrota para o Santos: “O árbitro vai tomar um ganchinho, desses do nível CBF, que conhecemos bem, e nós vamos ter que reorganizar um trabalho para seguir nesse campeonato sem credibilidade”.
FICA POR ISSO MESMO. A CBF precisa do voto das federações, tanto que mantém campeonatos estaduais falidos. A comissão de arbitragem afasta o árbitro (Bruno Arleu Araújo), correto, ao marcar o pênalti de Lucas Halter em Joaquim, com empurrão sem bola, como ficou bem claro na revisão do VAR. Mas o dirigente do Goiás deve ter imunidade: acusa, ataca, ofende, usa todos os termos, com a certeza de que não será punido.
O FUTEBOL BRASILEIRO, em organização e disciplina, continua a quilômetros do primeiro mundo, e não à toa, completou cinco Copas sem Copa. É o único do mundo em que há efeito suspensivo, beneficiando e estimulando infratores. Sem prazo para mudança.
Fotos: Divulgação