Hugo Lloris, aos 31 anos, goleiro da segunda Copa do Mundo ganha pela França, em 2018 na Rússia.

SÓ QUATRO GOLEIROS foram campeões do mundo como capitães, os dois primeiros italianos: Gianpiero Combi, aos 32 anos, em 1934, na única das 21 Copas do Mundo em que a final teve goleiros-capitães (Frantisek Planicka, era o da Tchecoslováquia), e Dino Zoff, o mais velho, aos 40 anos, em 1982. Íker Casillas, aos 29 anos, foi o goleiro da única Copa que a Espanha ganhou em 2010, e Hugo Lloris, o da 2ª Copa do Mundo que a França ganhou em 2018.

HUGO LLORIS, o último dos quatro goleiros-capitães campeões do mundo, completa 35 anos hoje, nascido na 6ª feira, 26 de dezembro de 1986, em Nice, na deslumbrante Côte d’Azur (Costa Azul), no litoral Sul da França, segunda maior cidade do país, a 930 km da capital Paris, e cujo nome é em homenagem a Nice, a deusa da vitória. Filho de uma advogada francesa e de um banqueiro espanhol, Lloris iniciou no tênis, esporte em que seu pai se destacou.

Dino Zoff, goleiro-capitão da Itália em 1982, aos 40 anos, o mais velho de todos os campeões das21 Copas do Mundo.

FORMADO NA BASE do Nice, entre 1997 e 2005, quando estreou como profissional, fez jogos marcantes em três temporadas e entrou no radar de vários clubes, um deles o Milan, que o queria para substituir o baiano Dida, mas Lloris foi para o Lyon, então pentacampeão francês. Sobressaiu-se, e ficou ainda mais valorizado, pelas atuações que levaram o Lyon, pela primeira vez, às semifinais da Liga dos Campeões, maior torneio de clubes da Europa.

HUGO LLORIS completará 10 anos em Londres, em 2022, comprado por 10 milhões de euros pelo Tottenham, apenas seu terceiro time em 17 anos como profissional. Com a estupenda atuação na estreia, em 20 de setembro de 2012, em que garantiu o 0 x 0 com a romana Lazio pela Liga Europa, Lloris firmou-se como titular e pôs fim à longa série de 310 jogos consecutivos de Brad Friedel, goleiro da seleção dos Estados Unidos nas Copas de 94, 98 e 2002.

Única final de Copa do Mundo com goleiros-capitães: 10 de junho de 1934, no estádio de Roma, 
o italiano Gianpiero Combi (à esquerda), o tcheco Frantisek Planicka e o árbitro sueco Ivan Eklind.

HUGO LLORIS iniciou na seleção sub-18 em 2004, foi campeão europeu na sub-19 e estreou na seleção principal no amistoso (0 x 0), em Paris, com o Uruguai, em 19 de novembro de 2008. Capitão pela primeira vez em 2010, foi efetivado em 2012, nas quartas de final da Eurocopa, por Didier Deschamps, meia campeão do mundo em 98, terceiro como jogador e técnico, em 2018, depois de Zagallo (58-62 e 70) e Franz Beckenbauer (74 e 90).

IMAGEM ETERNA – A imagem de Didier Deschamps erguendo a Copa, após 3 x 0 no Brasil, na final de 98, ficou muito gravada na memória de Hugo Lloris, então torcedor, aos 11 anos de idade: “Nem quis acreditar, quando fiz a mesma coisa, 20 anos depois, dirigido por ele, ao erguer a taça na Rússia. São duas das lembranças mais felizes, primeiro da minha infância, e depois, da minha vida profissional”.

BRASILEIROS – Lloris viu a França vencer de novo o Brasil na Copa de 2006 – 1 x 0, gol de Thierry Henry, enquanto Roberto Carlos ajeitava as meias -, e recorda: “Eu admirava muito Ronaldo e Ronaldinho, campeões do mundo em 2002, rápidos, criativos, inteligentes, mas em 2006 não tiveram o mesmo brilho”. O goleiro francês evita se aprofundar, mas diz nas entrelinhas, que vê o futebol brasileiro em declínio nas últimas Copas.

OUTRO BRASILEIRO elogiado pelo goleiro francês, campeão do mundo em 2018, é Gustavo Kuerten, o catarinense Guga: “Meu pai e eu somos admiradores da técnica dele. Meu pai fala melhor do que eu sobre ele, porque foi tenista, eu só iniciei no tênis” – diz Hugo Lloris. Nos treinos descontraídos da seleção e do Tottenham, o goleiro prefere jogar na linha. Canhoto de chute forte e certeiro, Lloris queria mesmo era ser atacante. 

Íker Casillas, aos 29 anos, capitão da única seleção da Espanha campeã do mundo, em 2010, na
primeira Copa realizada na África.

PRINCIPAIS VIRTUDES DE HUGO LLORIS: 1 – Tempo de reação e saída firme no um-contra-um, fechando o ângulo de finalização do atacante. 2 – Sentido de colocação para efetuar a defesa, também com a mão trocada. 3 – Impulsão e elasticidade nas bolas altas e à meia altura. 4 – Dos primeiros a saber sair jogando com os pés, virtude que a maioria dos goleiros aprendeu, incluídos Alisson, do Liverpool, e Ederson, do City, elogiados por ele.  5- Reposição rápida e precisa, manual ou com os pés. 

POR QUE CAPITÃO? – Em um dos muitos de seus livros sobre o futebol, João Saldanha, técnico do Botafogo, campeão carioca de 1957, e da seleção brasileira de 1969, que classificou para a Copa do Mundo de 1970, com a melhor campanha nas eliminatórias, escreveu que o termo capitão teve origem no boné, usado pelas equipes inglesas. Boné, em inglês, é Cap. As três letras apareciam na escalação, ao lado do nome de um dos jogadores, e muitos imaginavam que fosse abreviatura de capitão.  Pegou, e ficou.

Fotos: UOL Esportes / EFE / 20 minutes