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O empate com o Panamá, no primeiro jogo do ano, é o maior vexame da história do futebol do Brasil. Pela primeira vez, o Panamá conseguiu fazer um gol na seleção brasileira, em cinco jogos. Não poderia ter sido pior e tão desanimador o início da preparação para a Copa América, antes do segundo e último amistoso, terça (26), em Praga, com a seleção da República Tcheca, goleada (5 x 0) pela Inglaterra, na última sexta (22), em Wembley.

RETROSPECTO – Para reforçar o quanto foi desastroso o 1 x 1 da noite deste sábado (23), no estádio do Dragão – 34.433 pagantes -, na cidade do Porto, norte de Portugal, é suficiente dizer que o Panamá, depois da Copa de 2018, perdeu 9 e empatou 3 jogos, e que ocupa a posição 76 do ranking da Fifa. Há muitas seleções sem tradição e sem expressão no futebol mundial. O Brasil não conseguiu ganhar de uma delas, e a justificativa que mais se ajusta é a da falta de valores em uma seleção nada criativa, que passou a acumular decepções.

BOM LEMBRAR – Jogos Pan-Americanos de 1952, 13 de abril, no Estádio Nacional de Santiago do Chile, BRASIL 5 x 0 Panamá, gols de Julinho, Baltazar, Pinga e Rodrigues (2). O Brasil foi campeão invicto, sob o comando do técnico Zezé Moreira. Amistoso em 2001, 9 de agosto, na Arena da Baixada, em Curitiba, BRASIL 5 x 0 Panamá, gols de Edilson, Alex, Euler e Juninho Paulista. Amistoso em 2014, 3 de junho, no estádio Serra Dourada, em Goiânia, BRASIL 4 x 0 Panamá, gols de Neymar, Daniel Alves, Hulk e Willian. Amistoso em 2016, 29 de maio, em Denver, nos Estados Unidos, BRASIL 2 x 0 Panamá, gols de Jonas e Gabriel Barbosa.

LUCAS PAQUETÁ – Titular pela primeira vez, fez o gol aos 31, concluindo de canhota, quase na pequena área, o cruzamento de Casemiro. O goleiro Mejia ainda tocou na bola com a mão esquerda. Paquetá foi substituído por Everton, aos 15 do segundo tempo, com atuação sem brilho. Quatro minutos depois, o zagueiro Machado completou de cabeça, no ângulo direito, a falta cobrada pelo lateral Davis, aos 35. Na volta do intervalo, faltou competência para ganhar o amistoso. Bom dizer: a última chance real de gol, no minuto final dos acréscimos, foi do Panamá, com Fajardo chutando pelo lado de fora da rede.

TRÊS CARTÕES – O primeiro, aos 26, foi para o zagueiro Cummings, que agarrou Roberto Firmino na entrada da área. Péssima cobrança de Philippe Coutinho por cima da trave. O outro cartão do primeiro tempo, aos 34, foi para Richarlison, que entrou de sola, em falta dura e maldosa, no zagueiro Escobar. O único cartão do segundo tempo foi para o goleiro Mejia, por demorar a repor a bola em jogo. 

Fotos: Lucas Figueiredo / Divulgação CBF

FALHAS DO ÁRBITRO – João Pedro Pinheiro, de 31 anos, árbitro Fifa desde 2016, cometeu o primeiro erro aos 33, deixando de advertir Paquetá com cartão por uma cotovelada na cara do meia Quintero, junto à linha lateral. O segundo erro, ao validar o gol do Panamá, com Machado, em impedimento bem claro, ao cabecear sozinho. O terceiro erro em não advertir Richarlison, que se excedeu em empurrões e em se apoiar nos marcadores para cabecear, e de te pisado forte nos pés de Cummings e Davis.

NA HISTÓRIA – Ederson, Fagner, Eder Militão, Miranda e Alex Telles; Arthur (Anderson, 26 do segundo tempo), Casemiro (cap), Lucas Paquetá (Everton, 15 do segundo tempo) e Philippe Coutinho; Richarlison e Firmino (Gabriel Jesus, 15 do segundo tempo) – a primeira seleção brasileira que não conseguiu vencer o Panamá. Técnico – Tite, que ao fim do jogo, na entrevista coletiva, esquivou-se ao ser perguntado sobre a ida de Neymar ao Carnaval do Rio e da Bahia, saindo pela tangente: “Minha responsabilidade é de preparar a equipe da melhor maneira”.

ABRAÇOS E ORAÇÃO – Mejia, Murillo (Blackman, aos 40 do segundo tempo), Machado (cap), Cummings, Escobar e Davis; Cooper (Walker, 35 do segundo tempo), Godoy (Vargas, 47 do segundo tempo) e Quintero (Browne, 40 do segundo tempo); Torres (Fajardo, 28 do segundo tempo) e Rodriguez (Arroyo, 43 do segundo tempo) – a primeira seleção do Panamá, que não perdeu do Brasil e a primeira a fazer gol na seleção brasileira em cinco jogos. Depois de se abraçarem, os jogadores se ajoelharam e fizeram uma oração durante três minutos no gramado do estádio do Dragão.

OS DESTAQUES – O goleiro Luis Ricardo Mejia, de 28 anos, 1,91m, canhoto, naturalizou-se uruguaio em 2009 e joga no Nacional de Montevidéu desde julho de 2016. É considerado o melhor da história da seleção panamenha. Adolfo Machado, zagueiro de 34 anos, 1,83m, autor do gol, joga desde 2017 no Houston Dynamo, do Texas, quarto estado mais populoso dos Estados Unidos.

Julio Cesar Dely Valdés, técnico de 52 anos, assumiu pela terceira vez (2006, 2013 e 2019). Maior jogador da história do Panamá, brilhou na Itália, com 26 gols em 73 jogos pelo Cagliari (93-95) e no PSG, com 29 gols em 84 jogos (95-97). Mas, foi na Espanha, que se tornou ídolo, primeiro no Real Oviedo, com 40 gols em 90 jogos (97-2000), e depois no Malaga, com 48 gols em 124 jogos (2000-2003), quando fez dupla com o artilheiro uruguaio Dario Silva.

NEYMAR ASSISTIU – Em espaço reservado, Neymar assistiu com três amigos e depois desceu ao vestiário para falar com os jogadores e a comissão técnica, que conta com sua recuperação e a de Vinícius Júnior para a Copa América. Neymar está há oito semanas em tratamento, só interrompido quando passou o Carnaval no Rio e em Salvador.

RECUPERANDO-SE da fratura no nariz, o zagueiro Miranda, da Inter de Milão, jogou com uma proteção e não teve problema. No intervalo, junto com o estreante Eder Militão, com quem formou a zaga, dirigiu-se ao árbitro para reclamar do impedimento no gol do Panamá, sem nada conseguir.MUITOS TORCEDORES com camisas de times brasileiros, sempre com o Flamengo em maioria. E uma faixa foi estendida atrás de um dos gols: Embaixada Fla-Portugal.

NOS JORNAIS – Na Argentina, Clarin estampou: “Neymar viu de cadeira o pobre empate do Brasil com o Panamá”. Em Portugal, A Bola destacou: “Panamá faz história no empate com o Brasil”. Outro diário português, O Jogo, escreveu: “Atuação decepcionante do BrasilAlex Telles (lateral do Porto), da felicidade à desilusão na estreia pela seleção”. Na Espanha, Mundo Deportivo publicou: “O Brasil foi incapaz de ganhar do Panamá”. Outro espanhol, Marca, salientou: “Militão deixou dúvidas. Coutinho não levantou a cabeça. Richarlison quis ganhar na força-bruta. Paquetá fez o gol e ficou nisso”