EM DECISÃO INÉDITA no futebol espanhol, três torcedores do Valencia foram condenados nesta 2ª feira (10) a oito meses de prisão e a dois anos sem entrar em estádios, por ofensas racistas a Vinícius Júnior, por eles chamado de macaco (mono, em espanhol), no jogo Valencia 1 x 0 Real Madrid, domingo, 21 de maio de de 2023, no estádio Mestalla, em Valencia, com 46.002 espectadores.

O JOGO FOI PARALISADO aos 27 minutos do 2º tempo, quando Vinícius Júnior identificou um dos torcedores, atrás do gol do Valencia, chamou o árbitro Ricardo De Burgos Bengoetxea, e os jogadores de ambos os times iniciaram a confusão. O goleiro Giorgi Mamardashivili segurou Vinícius, tentando acalmá-lo, mas ele foi expulso, na revisão do VAR, por atingir o rosto do atacante Hugo Duro.

HOJE, 10 DE JUNHO DE 2024, o Tribunal de Justiça de Valencia anunciou a primeira condenação desse tipo, na história do futebol da Espanha, após a denúncia de La Liga, organizadora do Campeonato Espanhol, com apoio da Real Federação Espanhola de Futebol, do Real Madrid e do próprio jogador. O jogo era da 35ª rodada de La Liga e Vinícius Júnior, até então sem nenhuma advertência com cartão amarelo, foi expulso de campo pela primeira vez em cinco anos na Espanha.

PRESIDENTE DE LA LIGA desde 2013, reeleito para o quarto mandato, o advogado espanhol Javier Tebas, de 61 anos, comemorou a decisão: “A sentença repara os danos sofridos por Vinícius e envia uma mensagem bem clara para todos os que vão aos estádios para insultar. A sentença também deixa claro que a Espanha é um país que respeita as leis”.

A PROCURADORA contra crimes de ódio, Susana Gisbert Grifo, de 58 anos, professora da Universidade de Valencia, celebrou a sentença: “Os infratores estão avisados e as vítimas podem se sentir protegidas”.

VINÍCIUS JUNIOR, nos Estados Unidos com a seleção, em preparativos para a Copa América, foi simples e direto: “Que outros racistas tenham medo, vergonha e se escondam nas sombras. Se insistirem, estarei pronto para novas cobranças. A condenação não é só por mim, mas por todos os negros que sofrem com o racismo”.

POUCO DEPOIS de anunciar a sentença que condenou os três torcedores, o Tribunal de Valencia suspendeu a prisão “porque os três criminosos são primários e se arrependeram com um pedido de desculpa em carta”. Os condenados continuarão em liberdade, mas a punição de dois anos sem entrar em estádios foi mantida pela justiça espanhola.

Foto: JOSE JORDAN / AFP / CP