A criatividade se sobrepôs à goleada de 6 x 2 do Botafogo na Cabofriense, neste último domingo (28), em que o quase falido Campeonato Carioca, respirando por aparelhos, voltou a ser disputado por decisão do prefeito subserviente, que cuida mal da cidade e remunera mal os funcionários da Saúde, da Segurança e da Educação. A faixa exibida antes do jogo – PROTOCOLO BOM É O QUE RESPEITA VIDAS -, resumiu com inteligência o que pensa a maioria das pessoas equilibradas e de bom senso.

CRÍTICA DURA – O Botafogoentrou de sola, na canela dos irresponsáveis, que pressionaram pela volta inoportuna do futebol, enquanto os números de casos de infecção e de mortes só aumentam, dia a dia, em um país fragilizado pelo despreparo. Um país que assiste impassivo, e com a mais fria indiferença, enterros de pessoas que estão pagando com a vida. O segundo do mundo com mais casos, e o Rio de Janeiro, segundo do país, com quase dez mil mortes e quase cento e dez mil infectados. Viva o futebol! Danem-se as vidas!

PAULO AUTUORI – Um dia depois de punido com suspensão de duas semanas, por ter dito sem rodeios o que muitos não gostam de ouvir, o técnico do Botafogo abriu mão do direito de descer à área técnica, ainda que protegido por efeito suspensivo que o clube conseguiu. Preferiu ficar na cadeira, assistindo do alto, enquanto seu assistente comandava a equipe à beira do campo. Paulo Autuori está apenas confirmando seu histórico de correção, decência e dignidade, marcas do seu elevado profissionalismo. O bom profissional, sério e independente, não se submete nem se cala diante de tantos absurdos.

COR DO UNIFORME – Ao voltar ao campo, depois de três meses, o Botafogo também foi inteligente e criativo na escolha do uniforme preto, do luto vivido por milhares de pessoas que perderam e continuam perdendo parentes, e pelo futebol do Rio, entregue aos que veem cifrões mais importantes que a vida humana. Os jogadores se ajoelharam, aderindo à campanha contra o racismo, exibindo na camisa “Vidas Negras Importamfrase que resume bem o nojo da maioria pelo preconceito.

63 ANOS DEPOIS – O Botafogo voltou a vencer por 6 x 2, o que não acontecia desde 22 de dezembro de 1957, quando ganhou o primeiro título carioca, no Maracanã, em decisão com o Fluminense, na final com mais gols, e em que o artilheiro Paulo Valentim se tornou o único a fazer cinco gols. Nos 6 x 2 deste domingo (28) na Cabofriense, o Botafogo soube aproveitar, com méritos e pelas falhas do adversário, cuja fragilidade pode ser resumida nas atuações ruins e nas derrotas sofridas em todos os quatro jogos.

DIEGO CAVALIERI, Benevenuto, Ruan, Cicero (Luis Otávio) e Danilo; Alex Santana (Caio Alexandre), Bruno Nazario (Lecaros) e Honda; Luis Fernando (Fernando), Pedro Raul e Luis Henrique – o Botafogo dos 6 x 2 deste último domingo (28) de junho, no estádio Nilton Santos. O time fez 2 x 0 no primeiro tempo, Pedro Raul aos 3 e Cicero aos 38, e ampliou com Pedro Raul aos 9, Bruno Nazario aos 29 e Luis Henrique aos 44. Emerson e Diego Sales, de pênaltis, os gols da Cabofriense.

BOM DIZER – Depois de passar a quarentena no Paraguai, onde nasceu, o goleiro Gatito Fernandez sequer ficou na reserva. O meia Cicero foi zagueiro e o único advertido no jogo por um toque de mão, bem marcado pelo árbitro Rodrigo Miranda, que só errou na marcação do pênalti. A simulação de Diego Sales foi mais clara que a falta de Luis Fernando.

Fotos: UOL, Terra, ES360, Futebol na Veia, Jornal o Dia.