Aprovar a volta do futebol o quanto antes, para ficar alinhado à iniciativa do presidente da República, com quem busca reaproximação, diante da ameaça de impeachment, que tenta evitar oferecendo cargos aos deputados, é a ideia do governador. Ele quer agradar o Flamengo, que lidera o movimento, com o Vasco e os clubes pequenos na carona, e a Federação, que até já vai marcar nova reunião para a próxima semana, a fim de definir as datas dos jogos do campeonato.
RESISTÊNCIA – Mesmo que a pressão continue, a volta imediata do futebol segue em discussão, observada nos mínimos detalhes pelas autoridades sanitárias e pelo Ministério Público estadual, que tem sido guardião intransigente da defesa da saúde da população. A flexibilização mostrou que os casos tiveram retomada forte e o número de óbitos, só na capital, passou a 7.417, de acordo com o último boletim da noite de ontem (12), enquanto são 77.784 os casos de infecção.
ESCALADA – Desde 5 de março, quando o primeiro caso foi registrado no Rio, o aumento ultrapassou 10 mil, dois meses depois, em 1 de maio, e chegou aos 30 mil no dia 30 de maio, mais que dobrando em um mês. A escalada da pandemia do novo coronavírus, nos primeiros doze dias de junho, portanto, até ontem (12), passou de 24 mil casos, com mil casos por dia, o que torna a situação ainda mais preocupante, apesar da indiferença do que querem a volta imediata do futebol.
VICE-LÍDER – Enquanto as autoridades mundiais da saúde, OMS à frente, voltam a destacar a preocupação com o avanço da pandemia no Brasil, o Ministério da Saúde mostra-se desolado com a situação. Afinal, o Brasil ultrapassou o Reino Unido – 41.466 óbitos – e terminou o dia de ontem (12) em segundo lugar no mundo, com 41.828 mortes, superado pelos Estados Unidos, com 114.357 óbitos. O Dr. Michael Ryan, chefe de emergências da Organização Mundial da Saúde, voltou a enfatizar a preocupação com o Brasil e com todos os países da América do Sul.
É preciso que o bom senso prevaleça e que o futebol não se deixe envolver por uma minoria irresponsável, que demonstra preocupação zero com a saúde do povo. O Ministério Público e o Ministério da Saúde não podem ser coniventes, acima de tudo por terem obrigação de zelar pela população.
Foto: MARCELO CORTES / FLAMENGO