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Tive a sorte de ver de perto muitos gols de Waldo, campeão carioca de 59, um ano depois que cheguei de Manaus e comecei como repórter de campo da Rádio Nacional. Ele usava a 9 – a camisa tricolor com cheiro de gol – e os 13 que marcou em 1957 levaram o Fluminense a ser o primeiro carioca a ganhar, invicto, o Torneio Rio-São Paulo, que os paulistas dominavam desde 50. Um ano antes, Waldo já havia sido, com 22 gols, o artilheiro do Campeonato Carioca de 1956.
403 JOGOS, 319 GOLS – Waldo Machado da Silva, nascido em São Gonçalo, região metropolitana do Rio, em 9 de setembro de 34, tornou-se profissional em 54 e até 61 não vestiu outra camisa, só a do Fluminense. Soube honrá-la em 403 jogos em que marcou 319 gols, nenhum de pênalti. No único título carioca que ganhou, em 59, Waldoparticipou de todos os 22 jogos e foi o artilheiro do time com 14 gols: 17 vitórias, 4 empates e a única derrota, na sétima rodada, 1 x 0 para o Bangu.
TRÊS REMANESCENTES – O último título carioca do Fluminense havia sido o primeiro no Maracanã, em 1951. Oito anos depois, só três remanescentes no time campeão de 59, não à toa, os que mais vestiram a camisa tricolor: Castilho, Pinheiro e Telê, e o mesmo técnico, Zezé Moreira, dos mais capazes da história. O time, ainda na época do 4-2-4: Castilho, Jair Marinho, Pinheiro, Clóvis e Altair; Edmilson e Paulinho; Maurinho, Telê, Waldo e Escurinho. 45 gols marcados e só 9 gols sofridos. Um título histórico, no último ano do Rio de Janeiro, capital da República.
5 JOGOS, 5 VITÓRIAS – Waldo iniciou e terminou invicto em cinco jogos com cinco vitórias pela seleção brasileira. No primeiro, 7 x 1 no Malmoe (Suécia), em 8/5/60. Dois dias depois, 4 x 3 na Dinamarca. Foi no terceiro jogo, em 29/6/60, que marcou seus dois gols nos 4 x 0 no Chile, em amistoso com 51 mil torcedores no Maracanã. No penúltimo jogo, em 3/7/60, Waldo deu assistência para Delém (Vasco) fazer o gol da vitória (2 x 1) sobre o Paraguai, em Assunção, pela Taça do Atlântico.
NA VAGA DO REI – O último dos seis jogos de Waldo na seleção, em 12/7/60, foi especial, diante de 120 mil torcedores no Maracanã. De virada, o Brasil goleou (5 x 1) a Argentina, dirigida por Guillermo Stabile, artilheiro da primeira Copa do Mundo (1930), e Waldo substituiu Pelé, cinco minutos depois que o Rei fez 2 x 1 aos 28. Waldoparticipou com assistência para Pepe fazer o terceiro e Delém fechar a goleada, que valeu a Taça do Atlântico. Em seus cinco jogos na seleção, Waldofoi dirigido por Vicente Feola, primeiro técnico brasileiro campeão do mundo em 1958.
LEGENDA DO VALENCIA – Segundo maior artilheiro estrangeiro da história de 100 anos, que o Valencia completará no próximo 18 de março, Waldo disputou 296 jogos, marcou 182 gols e deu 63 assistências, entre 61 e 69. Foi a grande referência ofensiva do time durante as oito temporadas consecutivas. Campeão espanhol e da Copa do Rei, foi o artilheiro de 66-67, com 24 gols. Na história do Campeonato Espanhol, Waldo foi o segundo brasileiro com mais gols (115). Ronaldo Fenômeno fez 117.
BOM DESCANSO – É o que peço a Deus que dê a Waldo, com muita luz para seu espírito. Ele passou os últimos cinco anos de sua vida, amparado pela Associação de Jogadores de Futebol de Valencia, recebendo visitas frequentes na clínica em que foi internado para tratar do mal de Alzheimer. Com certeza, Waldo será um passado sempre presente no coração da torcida tricolor.
Fotos: Net Flu , Esporte UOL , Divulgação / Valencia ,