Escolha uma Página

Que coisa boa! Muito me alegra registrar a estreia de Zagallo, aos 89 anos, nas redes sociais. Boas-vindas, Mario Jorge! O Instagram se sente feliz em tê-lo como o mais novo integrante, conversando, publicando fotos, videos, contando histórias maravilhosas de sua brilhante carreira, com tantas vitórias e tantos títulos, em clubes e na seleção, neste 2020 em que você comemora meio século, como primeiro campeão do mundo como jogador e técnico. Que coisa boa, Mario Jorge!

INTELIGENTE, criativo, bem-humorado, Mario Jorge Lobo Zagallo pede, com a simplicidade e a humildade de sempre: “Me sigam todos os dias. Estou feliz de poder interagir com vocês e contar muitas histórias. Vocês vão ter que me engolir”. Poucos se lembram, mas foi em 29 de junho de 1997, por coincidência, 39 anos depois, na mesma data em que ganhou, em 29 de junho de 1958, sua primeira Copa do Mundo como jogador, marcando o segundo gol dos 5 x 2 na final com a Suécia.

ZAGALLO foi bicampeão em 62 no Chile; tornou-se o primeiro campeão do mundo como jogador e técnico, em 70, no México, e foi o primeiro treinador a dirigir a seleção em duas Copas consecutivas, com o quarto lugar em 74. “Vocês vão ter que me engolir”, após ganhar a Copa América, com os 3 x 1 na Bolívia, naquele final de tarde de domingo, 29 de junho de 97, na altitude de 3.600 metros de La Paz, foi um desabafo que estava represado, só esperando o momento certo de sair da garganta.

OS RECORDES – Zagallo faz parte do grupo seleto dos que participaram de todos os doze jogos das duas primeiras Copas que o Brasil ganhou em 58 e 62, com Gilmar, Nilton Santos e Didi. Ganhou mais sete títulos – Taça Oswaldo Cruz em 58, 61 e 62; Taça Bernardo O’Higgins em 59 e 61; Taça do Atlântico em 60 e Copa em 63 -, nos 34 jogos em que venceu 28, empatou 5 e só perdeu 2, marcando 5 gols, entre 4 de maio de 58 – 5 x 1 no Paraguai – e 7 de junho de 64 -, 4 x 1 em Portugal.

A ESTREIA – Foi com dois gols que Zagallo estreou na seleção, no domingo, 4 de maio de 58, no Maracanã, nos 5 x 1 no Paraguai, pela Taça Oswaldo Cruz, em homenagem ao cientista, médico e sanitarista. Dida, Vavá e Pelé completaram a goleada da seleção dirigida pelo paulistano Vicente Feola: Gilmar (Corinthians), De Sordi (São Paulo), Bellini (Vasco), Zózimo (Bangu) e Oreco (Corinthians); Dino Sani (São Paulo) e Didi (Botafogo); Joel (Flamengo), Vavá (Vasco), Dida (Flamengo) depois Pelé (Santos) e Zagallo (Flamengo).

A DESPEDIDA – O último dos três jogos de 1964 foi o da despedida de Zagallo, no domingo, 7 de junho, na final da Taça das Nações, no Maracanã, diante de 82 mil torcedores: Brasil 4 x 1 Portugal, dois de Jairzinho, um de Pelé e outro de Gerson, e Mario Coluna.

GILMAR (Santos), Carlos Alberto Torres (Santos), Brito (Vasco), Joel Camargo (Santos) e Rildo (Santos); Carlinhos (Flamengo) e Gerson (Botafogo); Jairzinho (Botafogo), Airton (Flamengo), Pelé (Santos) e Rinaldo (Palmeiras) depois Zagallo (Botafogo). Técnico – Vicente Feola.

O TÉCNICO – Depois de bicampeão carioca como ponta-esquerda em 61-62, Zagallo ganhou também no Botafogo os primeiros títulos como técnico, só com uma derrota, pelo mesmo placar (2 x 0) e para o mesmo adversário (Vasco), em 67 e 68. Dois anos depois, o ataque – Rogério, Gerson, Roberto, Jairzinho e Paulo Cesar – estava com ele na Copa de 70. Na volta, técnico campeão carioca em 71 no Fluminense e em 72 no Flamengo, com o repeteco de 2001, com aquele gol de falta de Petkovic no Vasco. 

135 JOGOS – Zagallo foi o técnico que mais dirigiu a seleção: em 135 jogos, 99 vitórias, 26 empates, 10 derrotas. Na estreia, terça, 19 de setembro de 67, 1 x 0 no Chile, gol de Roberto, em amistoso no Estádio Nacional de Santiago. A primeira seleção que Zagallo dirigiu: Manga, Moreira, Zé Carlos, Leônidas (Botafogo) e Paulo Henrique (Flamengo); Denilson (Fluminense) e Gerson (Botafogo); Paulo Borges e Mario Tilico (Bangu), Roberto e Paulo Cesar (Botafogo) depois Rinaldo (Palmeiras).

A DERROTA (3 x 0) para a França, na final da Copa de 98, domingo, 12 de julho, no estádio de Saint Denis, foi o último jogo: Taffarel (Atlético Mineiro), Cafu (Roma), Jr.Baiano (Flamengo), Aldair (Roma) e Roberto Carlos (Real Madrid); Cesar Sampaio (Yokohama) depois Edmundo (Fiorentina), Dunga (Júbilo Iwata), Leonardo (Milan) depois Denilson (São Paulo) e Rivaldo (Barcelona); Bebeto (Botafogo) e Ronaldo Fenômeno (Inter de Milão).

PRIMEIRO TRI – Saído do América, Zagallo ganhou seus três primeiros títulos como jogador no Flamengo, primeiro tricampeão no Maracanã – 53-54-55 -, após jejum de oito anos do primeiro tri 42-43-44. Dirigido pelo paraguaio Fleitas Solich, que diz ter sido seu melhor técnico, Zagallo estreou na nona rodada do turno, em 6 de setembro de 53, na derrota para o Botafogo (3 x 0, Vinícius, Garrincha, de pênalti, e Dino),em seu único jogo. O titular era o paraense Esquerdinha, nos outros 26 jogos.

ZAGALLO ganhou a posição no bi, em 1954, em 17 dos 27 jogos. Como já havia feito 77 gols na campanha de 1953 – 21 vitórias, 4 empates, 2 derrotas -, e marcou 64 gols nos 27 jogos de 1954 – 20 vitórias, 5 empates, 2 derrotas -, o Flamengo passou a ser chamado de Rolo Compressor, o que confirmou em 1955, ao marcar 87 gols em 30 jogos – 21 vitórias, 2 empates, 7 derrotas -, com Zagallo titular em 26 jogos. Resumo do primeiro tri no Maracanã: 84 jogos, 228 gols, média de 2.71 gols por jogo.

ZAGALLO era o ponta-esquerda do vaivém, que lhe valeu, tempos depois, o apelido de Formiguinha. Na época de cinco atacantes, o Flamengo teve Joel, Rubens, Índio, Benitez e Esquerdinha, e depois Joel, Paulinho, Índio, Evaristo (Dida) e Zagallo. O paraguaio Benitez foi o artilheiro de 53 com 22 gols; o paraibano Índio, artilheiro de 54 com 18 gols, e o carioca Paulinho, artilheiro de 55 com 23 gols. Zagallo, que não tinha chute forte, manteve a média de três gols em cada campeonato.

NOVA CAMISA – Zagallo foi o primeiro a vestir a nova camisa amarela, que a seleção vai usar no jogo de sexta (13), em São Paulo, com a Venezuela, pelas eliminatórias para a Copa de 2022. A camisa homenageia a seleção que ele dirigiu em 1970, com o verde nas mangas e os números em tamanho maior. A ideia foi muito boa, e só se lamenta que, em 2020, os que vão vestir estejam tão distantes dos valores quanto os 50 anos do maior de todos os títulos. E sem Zagallo a comandar. 

Foto: Superesporte, CBF, Bem Paraná, Hipólito Pereira, Amigos Apps, Lance, Metrópoles,