A DEMISSÃO DE RENATO ERA ESPERADA E FAZ PARTE DA ROTINA DO FUTEBOL. Mas não é justo atribuir só a ele a perda da Copa do Brasil, da Libertadores e do Campeonato Brasileiro, em um ano rubro-negro passando em branco. Os dirigentes não podem deixar de assumir a culpa, após adotarem a soberba, seguida por alguns jogadores, de que o Flamengo é de outro patamar. A campanha sem título de 2021, mesmo com tantos milhões, mostrou que não é.

A CAMPANHA DE 2019 FOI BRILHANTE, QUASE IRRETOCÁVEL, com o Flamengo, campeão brasileiro, 16 pontos a mais que o Santos, vice-campeão, e o Palmeiras, terceiro (90 a 74). O Flamengo fez 86 gols, mais 26 que o Santos (60) e mais 25 que o Palmeiras (61). Só perdeu 4 jogos, menos 2 que o Palmeiras (6) e a metade do Santos (8). A vantagem dos artilheiros Gabriel (25) e Bruno Henrique (21) foi boa sobre Gilberto (Bahia) e Sasha (Santos), com 14 gols.

A CONQUISTA DA LIBERTADORES DE 2019, com a virada sobre o River, que tentava o segundo título consecutivo, tirou o Flamengo da fila de 38 anos. Faltou a cereja do bolo na final com o Liverpool para repetir 1981, quando foram possíveis a primeira Libertadores e o único Mundial de clubes. Em 1981, o Flamengo fez 3 x 0 em 28 minutos, com o capitão Zico, maestro do show, e em 2019, em 120 minutos, o goleiro do Liverpool quase não tocou na bola.

A CAMPANHA DE 2020 DO BICAMPEONATO BRASILEIRO mostrou o declínio acentuado. O Flamengo só fez mais 1 ponto que o vice-campeão Internacional (71 a 70), e teve apenas mais uma vitória (21 a 20), e só mais 3 pontos que o Atlético Mineiro (71 a 68), 3º colocado, e só mais uma vitória (21 a 20). Os números das dezenas se inverteram: 86 gols em 2019, 68 gols em 2020, e os artilheiros de 2019 saíram do radar, entrando Claudinho (Bragantino) e Gilberto (Bahia), com 18, e Marinho (Santos) e Tiago Galhardo (Internacional), com 17.

O BRASILEIRO SÓ TERMINOU NO ANO SEGUINTE, e as cenas de tensão e apreensão, no gramado do Morumbi, depois da derrota para o São Paulo por 2 x 1, na noite da 5ª feira, 25 de fevereiro de 2021, foram incríveis. Os jogadores do Flamengo, com celulares na mão, acompanhando os minutos finais da Arena Beira Rio e torcendo para que o Inter não fizesse gol no Corinthians. A comemoração no final do 0 x 0 foi uma explosão de delírio, antes de receber a taça e de levantar o questionado Rogerio Ceni, que ganhou também a Supercopa do Brasil, sem deixar 2020 passar em branco.

O FLAMENGO VOLTA AO MARACANÃ, NESTA ÚLTIMA TERÇA (30) de novembro, para cumprir tabela no jogo com o Ceará, enquanto o Atlético Mineiro, duas noites depois, pode comemorar na Fonte Nova, faltando ainda dois jogos, o título que tenta desde o único, em 1971, quando ergueu a taça pelas mãos firmes do mestre Telê Santana. A diferença de pontos não será tão grande quanto à de 2019, mas bem mais confortável que a do Flamengo em 2020.

Foto: Bolavip Brasil