A FIFA DEDICOU A PELÉ os 30 minutos iniciais da festa de duas horas de premiação dos melhores do mundo de 2022, na noite desta última 2ª feira (27) de fevereiro, no Teatro Châtelet, em Paris. O presidente Gianni Infantino, suíço-italiano de 52 anos, disse na abertura da solenidade, diante de 1.500 convidados: “Nós perdemos o Pelé, mas Pelé é eterno e estará sempre conosco”.
FOI EXIBIDO NO TELÃO do belo teatro, construído em 1862, um vídeo de sete minutos, com gols e momentos especiais da carreira de Pelé, único três vezes campeão do mundo, o mais jovem em 1958 e o craque da Copa de 1970. Na sequência, Ronaldo Fenômeno foi chamado ao palco e fez um discurso emocionado de oito minutos.
“QUANDO LEMBRO DO PELÉ, vejo um jogador muito à frente do seu tempo. Foi um atleta que inspirou a mim e a muitos outros de várias gerações. Nos anos 50, ele já era moderno, usando bem os pés, a cabeça e a inteligência. Fez gols, inclusive de bicicleta, em que mostrou estar muito à frente do seu tempo. O melhor de sempre”.
RONALDO FENÔMENO disse mais: “Também me lembro do Pelé como um amigo especial e querido. Quando sofri a primeira lesão no joelho, em 2000, ele me visitou e me estimulou com palavras de carinho, quando eu sofria muito e passava por momento difícil. Dois anos depois, ele estava presente em um dos meus momentos mais alegres e felizes, na conquista da Copa do Mundo na Coreia e no Japão”.
NA SEQUÊNCIA, Ronaldo Fenômeno emocionou ainda mais a plateia: “Pelé também será lembrado pelo impacto na sociedade. Quando ele jogava, o mundo era mais racista do que hoje. Como atleta negro, ele se tornou o rei do esporte mais popular do planeta, mostrando que o negro pode ser o melhor e pode vencer o racismo”.
RONALDO FENÔMENO, tão emocionado, quanto poucas vezes se viu, finalizou dizendo: “Essa luta contra o racismo ainda não acabou. Peço que todos se inspirem no exemplo do nosso eterno rei Pelé, a fim de que juntos, e com todas as forças, possamos continuar combatendo o preconceito. Esse seu legado será eterno. Descanse em paz, meu amigo”. Ronaldo desceu do palco muito aplaudido.
MARCIA AOKI, empresária paulista de 56 anos, casada desde 2016 com Pelé, recebeu de Ronaldo Fenômeno o troféu da homenagem da Fifa, e procurou conter a emoção: “É uma honra estar aqui, nesse maravilhoso tributo a Pelé. Deus nos deu o Edson, o Edson nos deu o Pelé e Pelé teve o mundo que o recebeu e o admirou”.
MARCIA FINALIZOU, repetindo três vezes a palavra gratidão: “Não há outra que possa expressar meu sentimento”. Ao voltar à plateia, ela usou o lenço algumas vezes para enxugar as lágrimas, revelando que teve com Pelé, durante todo o tempo, alegrias inesquecíveis: “Vivemos momentos especiais, exclusivos, só nossos”.
JAIR VENTURA FILHO, o JAIRZINHO, único da história da seleção a fazer gol em todos os jogos de uma Copa, em 70 no México, disse à repórter da Fifa, que circulava na plateia ouvindo os convidados: “Pelé não foi só o melhor jogador do mundo. Pelé foi uma pessoa simples, um companheiro excepcional e um profissional exemplar”.
A HOMENAGEM A PELÉ foi encerrada pelo cantor Seu Jorge, ao violão, com a interpretação bem suave, na versão em português, da música Changes (Mudanças), do cantor, compositor e ator inglês David Bowie. Seu Jorge se vestiu tal qual seu personagem no filme “A vida marinha com Steve Zissou”, que se chamava “Pelé dos Santos”.
A HOMENAGEM A PELÉ FOI UM GOL DE PLACA DA FIFA!
Fotos: Fifa