Não foi a primeira vez que o Flamengo vacilou e deixou escapar a chance de ser líder. Já havia acontecido no turno, por coincidência, no Maracanã, e em outro 1 x 1, com o Bragantino. O empate da noite de ontem (14) teve muita semelhança e voltou a evidenciar falhas de marcação de uma defesa já nem tão consistente. Foi muito fácil para o meia Chico ganhar a dividida com Leo Pereira, driblar Natan e rolar a bola para Zé Roberto empatar com chute rasteiro. Muito fácil.

O FLAMENGO mostrou-se mais consistente no primeiro tempo em que o meia Tiago Maia se sobressaiu, acertando o travessão aos 22 e dando bela assistência para o gol de Bruno Henrique, até então meio apagado, marcar aos 45. Quando saiu e Michael entrou, viu-se evidente a queda de rendimento. O time também se ressentiu de um atacante decisivo. Gabriel ainda não se reencontrou e Lincoln, que o substituiu, nada acrescentou. 

AS ATUAÇÕES do Flamengo estão muito aquém de um time que pretende ser bicampeão, ainda que possam melhorar quando Everton Ribeiro e Pedro se reintegrarem. O time se ressente da boa marcação e do bom apoio de Filipe Luis, assim como da liderança de Rodrigo Caio, que organiza e dá mais estabilidade ao setor. Gustavo Henrique e Leo Pereira são vulneráveis, falhos, principalmente, no primeiro combate. O novo técnico vai ter que trabalhar muito para melhorar o ajuste.

TODOS SABEM que em pontos corridos, diferente do sistema antigo do mata-mata e de finais em ida e volta, o confronto direto é da mais alta importância e esse é um quesito em que o Flamengo, ao contrário de 2019, não está conseguindo se sair bem em 2020. O Flamengo perdeu, sem fazer gol, os dois com o Atlético Mineiro (0 x 1 em casa e 0 x 4 fora); só conseguiu empatar (2 x 2) com o Internacional, nos minutos finais, e a virada (4 x 1) do São Paulo, deixou o time muito abatido, quase em depressão.

O JOGO SE GANHA com os próprios méritos, mas também explorando as falhas do adversário, o que o Flamengo não tem sabido fazer. O final do turno não foi bom e o início do returno não está sendo animador. O time caiu duas posições, é quarto; deixou de ter o ataque mais positivo; tem o pior saldo de gols dos quatro primeiros e a segunda defesa mais vazada, só com menos quatro gols que a do último colocado. Os números evidenciam sempre virtudes e defeitos.

OUTRA VIRADA – Em feito inédito, depois de empatar três jogos e de perder quatro, a primeira vitória do Atlético na Arena Corinthians, na noite de ontem (14), foi com outra virada (2 x 1), como nos 3 x 2 do turno no Mineirão. O Atlético foi prejudicado pelo erro grosseiro do árbitro catarinense Rodrigo Dalonso e confirmado pelo árbitro carioca Pathrice Maia, monitor do VAR, com a não marcação de pênalti claro, logo aos quatro minutos, quando o zagueiro Gil puxou pela camisa o atacante Vargas.

DOIS MINUTOS depois, com assistência de Ramiro, o atacante Davó fez o gol do Corinthians aos seis minutos. Na volta do intervalo, o estreante chileno Eduardo Vargas deu passe primoroso de calcanhar para o lateral Arana empatar com chute forte aos 16, e o gol da virada, aos 38, foi do ex-vascaíno Marrony, pouco depois de substituir Sasha. O Atlético tem o ataque mais positivo (37), com mais três gols que o do Flamengo (34).

VANTAGENS – O primeiro critério de desempate é o de vitórias e o Atlético, com 12, tem mais duas que os outros três do G4: Internacional, São Paulo e Flamengo, com 10. Além de ampliar a vantagem em vitórias, o Atlético, com 38 pontos, pode passar a ter cinco pontos de diferença sobre os três, que têm 36, se ganhar o jogo da próxima quarta (18), no Mineirão, com o Athletico Paranaense. Com 36 pontos e três jogos adiados, o São Paulo é o único que pode tirar o Atlético da liderança.

SÃO PAULO SOBE – Mesmo sem a maioria dos titulares, poupados para o jogo de quarta (18) com o Flamengo, no Morumbi, pela vaga na semifinal da Copa do Brasil, o São Paulo subiu para o terceiro lugar, ao vencer (3 x 2) o Fortaleza, na noite de ontem (14), na Arena Castelão. David fez 1 x 0 aos 15 para o campeão cearense e aos 41, em cobrança de falta, Gabriel Sara empatou. Luciano, ex-Fluminense, entrou no intervalo e decidiu com dois gols, e Wellington Paulista marcou o segundo do Fortaleza.

TERCEIRA CONSECUTIVA – O técnico Fernando Diniz viu na terceira vitória consecutiva, a entrada definitiva do time, com três jogos atrasados, na disputa do título. O São Paulo é terceiro, igual ao Flamengo em pontos (36), vitórias (10), empates (6), mas com menos três derrotas (2 a 5). Fez menos cinco gols que o Flamengo (29 a 34), mas sofreu menos 13 (17 a 30), daí a vantagem de oito gols no saldo (12 a 4). O São Paulo tem o pior ataque, mas a melhor defesa dos quatro primeiros colocados.

Foot: Alexandre Vidal / CRF