Gazetta dello Sport – principal jornal esportivo da Itália – revela em matéria de destaque na capa da edição desta quarta (10) que “a compra de Lucas Paquetá pelo Milan foram conduzidas com as luzes apagadas, na calada da noite, pelo diretor Leonardo, a fim de que tudo fosse concluído sem ninguém para atrapalhar”. Leonardo foi jogador e técnico do Milan e voltou este ano como diretor do clube que o bilionário italiano Sílvio Berlusconi vendeu para investidores da China.

Lucas Paquetá, segundo o jornal, foi aprovado nos exames médicos que realizou nesta quarta (10), em clínica do Rio, sob a supervisão do Milan, e disse ter optado pelo clube italiano, apesar do interesse de outros clubes, pelas garantias que lhe foram dadas pelo técnico Gennaro Gattuso, 40 anos, ex-meia do Milan em 468 jogos, entre 99 e 2012, e campeão do mundo com a seleção da Itália em 2006. A casa de Gattuso foi invadida em dezembro de 2013 pela polícia, sob acusação de manipulação de resultados.

150 MILHÕES DE REAIS é o valor da venda de Lucas Paquetá ao Milan, que pagará 105 milhões de reais ao Flamengo e 45 milhões ao jogador, que por sua vez repassará a parte dos seus empresários, hoje tratados como agentes. O contrato do jogador terá a duração de cinco anos.

NOVO KAKÁ – Leonardo diz que o Milan tem tudo para fazer de Lucas Paquetá o novo Kaká, destaque do time entre 2003 e 2009, com 48 gols em 131 jogos e atuações até hoje lembradas pelos torcedores. Leonardo resume: “Ele não só terá brilho individual, mas também ajudará Higuain (atacante argentino, ex-Juventus de Turim) a ganhar mais espaço para os gols”. O Milan só poderá contar com Lucas Paquetá em janeiro de 2019, quando se reabre a janela de transferências na Europa.

COR DA PELE – Lucas Paquetá abre o sorriso de orelha a orelha com a negociação e diz que se sente duplamente feliz. Afinal, realiza o sonho de se transferir para um grande time da Europa e vai manter a cor da pele: o Milan também é rubro-negro e a única mudança na camisa é que as listras, em vez de horizontais, como as do Flamengo, são verticais.

LUCAS Tolentino Coelho de Lima nasceu na bucólica ilha de Paquetá em 27 de agosto de 1997. Canhoto, 1,80m, foi levado ao Flamengo aos oito anos e cresceu 27 centímetros em um ano, ao intensificar o treinamento fisico. Destacou-se na Copa São Paulo de 2016 que o Flamengo ganhou (4 x 3, nos pênaltis), após 2 x 2 com o Corinthians. Em 19/2/17, em Volta Redonda, fechou os 4 x 0 no Madureira, pelo Campeonato Carioca, com seu primeiro gol como profissional.

LUCAS PAQUETÁ continuou a fase de ascensão, e mesmo com o time fora das finais do Campeonato Carioca de 2018, foi o único a integrar a seleção, com elogios do técnico colombiano Reinaldo Rueda, o primeiro a lhe dar oportunidade de se firmar como titular. No entanto, ele destaca a importância das orientações de Paulo Cesar Carpegiani, Maurício Barbieri e agora de Dorival Júnior, treinadores que reconhece como de alto nível e muita competência.

LEONARDO Nascimento de Araújo, dirigente do Milan, que recomendou a compra de Lucas Paquetá, tem 49 anos, é de Niterói, fez 7 gols em 166 jogos, na lateral-esquerda e no meio-campo do Flamengo, de 87 a 90. Jogou também no São Paulo, Valencia, Kashima, PSG e Milan, em que também foi técnico em 48 jogos em 2009-10. Seu único título como treinador foi a Coppa Itália, em 2011, mas pela Internazionale de Milão ao vencer (3 x 1) o Palermo.

Leonardo perdeu a posição na seleção brasileira campeã do mundo em 94, ao ser expulso nas oitavas de final – Estados Unidos 0 x 1 Brasil -, pelo árbitro francês Joel Quiniou, ao dar uma cotovelada na cara do atacante Tab Ramos, no estádio de Stanford, diante de 85 mil torcedores, em 4 de julho, Dia da Independência americana. Outra mancha na carreira de Leonardo foi o empurrão no árbitro Alexandre Castro, que lhe valeu a suspensão por 14 meses no Campeonato Francês. Sem direito ao efeito suspensivo, como há, vergonhosamente no Brasil, acabou encerrando a carreira.

Foto: site Gazetta dello Sport