Avacalhado. O adjetivo permite outras definições, mas a que mais se ajusta ao futebol do Rio, que tenta manter o quase falido Campeonato Carioca, há anos nos estertores, é avacalhado, quando alguém ou alguma coisa se presta ao ridículo e passa a ser desmoralizado. O futebol do Rio deu as costas à técnica e adotou decisão política, cumprida por um prefeito subserviente, que voltou de Brasília para que o campeonato recomeçasse logo, por pressão do Flamengo, com o Vasco na carona.

BEM DEFINIDO – Coube ao Botafogo, um dos que se opuseram, com apoio do Fluminense, que também usou o bom senso, a melhor definição: “É constrangedor ser obrigado a competir na única cidade que planeja futebol, com os casos de contaminação e mortes aumentando”. No Estado do Rio de Janeiro, sem qualquer perspectiva otimista, quase 110 mil infectados e mais de 9.500 mortes. A Fundação Oswaldo Cruz revela: “Não há sinal de redução da transmissão da Covid-19”

MAIS GRAVE – Os resultados da pandemia do novo coronavírus são assustadores, e os casos crescentes, no país, resumem bem. O Rio de Janeiro, onde o futebol voltou a ser contagiado pela política inescrupulosa, está incluído entre os dez estados que já tiveram todos os municípios (92) infectados. O estado onde só a roubalheira consegue aumentar e ser tão danosa quanto o próprio vírus, enquanto as obras dos hospitais de campanha não acabam e os respiradores são ainda mais superfaturados.

PAULO AUTUORI – O direito de expressão foi tolhido, com a punição imposta ontem (26) a Paulo Autuori, técnico do Botafogo, suspenso por duas semanas, por ter dito o que muitos não gostam de ouvir. Do alto da sua experiência, ele foi direto na ferida e expôs os interesses que se sobrepõem. A organização e o equilíbrio da Federação Paulista, sem a pressa louca de retomada dos jogos, foram pontos de equilíbrio em que Paulo Autuori fundamentou sua análise, rica em exemplos bem detalhados.

ASSUSTADOR – Em sua segunda pior semana, desde o início da pandemia do novo coronavírus no estado, no dia 5 de março, o Rio de Janeiro voltou a apresentar a mais elevada taxa de contágio. Outro registro grave, assustador: em inspeção nos clubes de futebol do Rio de Janeiro, a Vigilância Sanitária anotou nada mais nada menos que 11 infrações! Não pode nem deve passar sem registro: só o Clube de Regatas do Flamengo cumpriu todas as exigências! Isso, no entanto, não o deixa imune ao problema.

DESAGRAVO – Ao tornar a repudiar o momento inadequado e inoportuno para a volta do futebol, o Fluminense adotou postura firme de desagravo e pediu para não jogar no Maracanã, com uma reação chocante: “O Fluminense não vai jogar ao lado de um hospital de campanha, com pessoas infectadas e morrendo”. Desmotivados e constrangidos, é assim que os jogadores do Botafogo e do Fluminense vão voltar a jogar amanhã (28, último domingo de junho). Sem o meia Nenê, que contraiu o vírus.

Fotos: Brand Bola