Demorou além do que se esperava, mas, finalmente, o Japão não teve como deixar de se curvar ao mundo, e anunciou hoje (24) o adiamento dos Jogos Olímpicos de 2020 para 2021, mantendo o período de 24 de julho a 9 de agosto. Os Jogos de 2020 estavam sendo tratados como Jogos da Reconstrução, por causa do violento terremoto, do tsunami e do terrível desastre nuclear de Fukushima, cidade a 250 km ao Norte de Tóquio, em março de 2011. Os que acompanham a História, ligam o Japão à maldição, em termos de Jogos Olímpicos.

SEGUNDA GUERRA – Desde 1940, um ano depois de eclodir a Segunda Guerra Mundial, os Jogos haviam sido cancelados, quando o Japão se preparava para fazer de sua capital Tóquio a primeira cidade-sede da Ásia. Dez anos antes, em 1930, o Japão já se lançara candidato a promover os Jogos de 1932, como forma de demonstrar sua reconstrução, após o terremoto extremamente mortal em Kanto, cidade a 110 km de Tóquio.

SEGUNDO PEDIDO – Foi em 1940 que o fundador da arte marcial Judô, Jigoro Kano – 28/10/1860 – 4/5/1938 -, fez o segundo pedido para que o Japão sediasse os Jogos. Kano, de 1,50m, 48 kg, foi o primeiro japonês membro do Comitê Olímpico Internacional (COI). Os pais queriam que fosse político ou diplomata, o que ele atendeu, em parte, tornando-se poliglota, ao aprender a escrever e a falar fluente inglês, francês, alemão, chinês e espanhol.

OUTRO MOTIVO – 1940 era o ano que coincidia com os 2.600 anos de Jinno, primeiro Imperador, e o Japão demonstrou ainda mais interesse em realizar os Jogos Olímpicos. Em 1932, Tóquio lançou a candidatura, competindo com Roma e Helsínque, capital da Finlândia. Os japoneses conseguiram o apoio do ditador italiano Benito Mussolini, em troca do apoio à Roma, em 1944. Tóquio ganhou a concorrência por 32 votos a 26, dados a Helsínque.

A DECEPÇÃO – Com tudo pronto em ritmo acelerado e a programação estabelecida, em revistas e pôsters, e até a cerimônia de abertura marcada para 21 de setembro de 1940, eis que o Japão não contava com forte pressão do Ocidente. É que os ocidentais demonstravam muito receio da expansão japonesa e então em julho de 1938, muito pressionado, o Comitê Olímpico do Japão retirou a candidatura.

LONDRES 1948 – Com o fim da Segunda Guerra Mundial – 1939 – 1945 –, os Jogos Olímpicos voltaram ao cenário em 1948 e a cidade escolhida foi Londres porque o Japão vinha de derrota e não poderia realizar tão grande evento. Tóquio teve que esperar até 1964, quando, finalmente, promoveu os primeiros Jogos Olímpicos de sua história. Em 1964, quando cobri a Volta ao Mundo do Madureira, a delegação foi das primeiras a voar na Japan Airlines, que desenhou na lateral de seus aviões o símbolo dos Jogos.

TÓQUIO 1964 – Os Jogos Olímpicos de 1964 foram realizados de 10 a 24 de outubro, com a participação de 5.151 atletas de 93 países. O Brasil levou 67 homens e a única mulher, Aída dos Santos, que viajou sem técnico e foi orientada por um peruano. A então União Soviética, hoje Rússia, ganhou 96 medalhas; os Estados Unidos, 90, e a Alemanha, 50. Pela terceira Olimpíada consecutiva, o Brasil ganhou uma medalha, de bronze, o terceiro lugar da equipe masculina de basquete. Wlamir Marques, hoje aos 82 anos, da geração de ouro bicampeã mundial em 59 e 63, foi o porta-bandeira. 

BOM LEMBRAR – Diante do Imperador Hiroíto – 1901 – 1989 –, na abertura da solenidade, no Estádio Nacional de Tóquio, a tocha olímpica foi conduzida por Yashinori Sakai, de 19 anos, nascido em 6 de agosto de 1945, dia em que a bomba atômica foi lançada em Hiroshima,a 810 km de Tóquio. A escolha do jovem Sakai foi em homenagem às vítimas do holocausto e um apelo à paz mundial.

Foto: raquetc.com