Alegra-me registrar os 71 anos, hoje, 16 de junho de 2020, de Paulo Cezar Lima, craque de técnica refinada, que conheci de calças curtas no Leblon, onde foi criado pelos pais adotivos Milza e Marinho, zagueiro que saiu do Botafogo, campeão em 48, para ser bi em 53-54 no Flamengo, e voltou ao Botafogo para ser bicampeão como técnico em 61-62, dirigindo Nilton Santos, Didi, Garrincha e outros notáveis. Paulo Cezar teve um bom irmão de criação, Fred, zagueiro campeão de 72 com ele no Flamengo, treinado por Zagalo.

FUTEBOL DE SALÃO – O hoje futsal era futebol de salão quando Paulo Cezar treinava na quadra da Gávea no início dos anos 60, já demonstrando domínio de bola, precisão nos passes curtos e nas finalizações, que depois aprimorou em campo. Antes dos 18 anos, deu um show na final da Taça Guanabara de 1967, em que marcou três belos gols, nos 3 x 2 sobre o América, final que colocou em confronto os técnicos Evaristo e Zagalo, os da ala-esquerda do primeiro tri do Flamengo no Maracanã, em 53-54-55.

MAIS DOIS TÍTULOS – A Taça Guanabara era independente do Campeonato Carioca e a conquista garantiu ao Botafogo a participação na Taça Brasil de 1968, que ganhou ao golear (4 x 0) o Fortaleza, no Maracanã, gols de Roberto, Afonsinho e Ferreti (2), artilheiro com 7 dos 135 gols em 54 jogos do que era o Campeonato Brasileiro da época. Foi o mesmo time campeão carioca de 67: Manga, Moreira, Zé Carlos, Leônidas e Valtencir; Carlos Roberto e Gerson; Rogerio, Jairzinho, Roberto e Paulo Cezar.

O APELIDO CAJU – O Botafogo foi bicampeão carioca em 68 – 4 x 0 no Vasco na final –, com Zagalo bicampeão pela primeira vez como técnico, após ter sido o ponta do bicampeonato de 61-62. Paulo Cezar foi passar férias na Disneylândia e voltou dos Estados Unidos com o cabelo pintado na tonalidade caju, daí o apelido, pelo qual nunca o tratei, mas sempre pelo sobrenome Lima. Paulo Cezar completava um ataque fulminante, que fez 70 gols em 36 jogos. E tocava a bola como poucos dos que vi.

COPA DE 70 – O Botafogo havia ganho o Hexagonal da Cidade do México em 68, com atuações especiais de Paulo Cezar. Na Copa de 70, ele teve, na visão de Zagalo, um dos desempenhos táticos mais notáveis na vitória (1 x 0) sobre a Inglaterra, após substituir Gerson durante os 4 x 1 da estreia na Tchecoslováquia. Zagalo me disse algumas vezes: “Considero o Paulo Cezar o melhor ponta-esquerda do Brasil. Além de driblar, finalizar e ter uma ampla visão do campo, é disciplinado taticamente”.

NO FLAMENGO – Paulo Cezar foi vice em 71, com Zagalo campeão no Fluminense, e em 72 estavam juntos de novo, com mais dois parceiros do bi 67-68 no Botafogo, Moreira e Rogerio. Reserva do argentino Doval, Zico só fez dois jogos. Bom lembrar: no Flamengo, Paulo Cezar fez 19 gols em 105 jogos, entre 72 e 74, depois de marcar 83 gols em 264 jogos no Botafogo, de 67 a 72 e 77-78, sendo artilheiro do Carioca de 1971 com 11 gols.

NA FRANÇA – Seu melhor contrato foi com o Olympique de Marselha – Paulo Cezar adora o Sul da França –, em que fez 17 gols em 31 jogos, entre 74 e 75. Voltou para ser um dos astros da Máquina Tricolor que ganhou o bi Carioca 75-76 com o pé nas costas, com os grandes parceiros Félix, Marco Antonio, Carlos Alberto Torres, Edinho, Rivelino, Dirceu, Gil, Manfrini e outros notáveis. Paulo Cezar marcou 16 gols em 85 jogos e até hoje é lembrado com carinho dos torcedores do Fluminense.

OUTRO MUNDIAL – No Grêmio, depois de ser figura de destaque no bicampeonato gaúcho 78-79, Paulo Cezar foi peça importante na Libertadores e no Mundial de clubes de 83, títulos que o tricolor gaúcho ganhou pela primeira vez. Paulo Cezar relembra a importância da liderança do notável zagueiro uruguaio Hugo de Leon, capitão do time: “De Leon personificava a liderança em campo. Um profissional de técnica, raça e determinação, como vi poucos – recorda.

HOMENAGENS – Paulo Cezar guarda bem guardadas na lembrança as homenagens que recebeu, em 2005, do Botafogo – clube do coração -, que lhe ofereceu a camisa alvinegra com o nome e o número 11. Em 2016, quando veio ao Rio, seu amigo pessoal François Hollande, presidente da França, o condecorou, em solenidade para um grupo seleto de convidados, com a expressiva Medalha da Legion d’Honneur, prova de reconhecimento e gratidão do governo francês, idioma que Paulo domina muito bem.

Fotos: habilidadespesefifa.blogspot.com, gremiopedia.com , Lance, Alchetron, paris-canalhistorique.com, Om4ever, Redação Rubro Negra, beyondthelastman.com, Pedro Ivo Almeida/UOL, Tarde de Pacaembu, Getty Images, ESPN. e Museu da Pelada.