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O silêncio dos clubes foi rompido por um dirigente da Federação de Futebol da Arábia Saudita, ao revelar que a decisão da Supecopa da Itália, que Juventus e Milan disputarão nesta quarta (16), no estádio Rei Abdullah, em Jeddah, segunda cidade do país, com quatro milhões de habitantes, custará em torno de 50 milhões de reais.

De acordo com o dirigente saudita, que pediu para não ter o nome revelado, cada clube receberá 15 milhões de reais e a Federação Italiana ganhará 3 milhões de reais, além de todas as despesas, tipo avião fretado para cada time e hospedagem em hotéis com diária de 2 mil reais, com o total de setenta pessoas.

Esta é a nona vez que a Supercopa da Itália será decidida fora do país. As duas primeiras foram nos Estados Unidos e depois em Trípoli, capital da Líbia, na África; duas vezes no Catar e quatro vezes na República Popular da China, uma vez na cidade de Shangai, e três vezes na capital Pequim. Agora, em 2019, a Arábia Saudita pagou o dobro do que a China ofereceu.

PROTESTOS – Algumas das figuras mais importantes da política italiana fizeram duros protestos contra o jogo na Arábia Saudita. O ministro do Interior, Matteo Salvini, foi duro: “É triste e nojento que que a final da Supercopa da Itália seja em um país islâmico em que as mulheres não podem ir ao estádio sem a companhia de um homem. Não quero um futuro parecido na Itália para as nossas filhas”.

LAURA BOLDRINI, deputada e ex-presidente da Câmara, também foi contundente: “Que os senhores do futebol vendam os direitos dos jogos, mas não comercializem com o direito das mulheres. É uma vergonha o que Juventus e Milan estão fazendo com o respaldo da Federação Italiana”

GAETANO MICCICHÉ, presidente da Federação Italiana de Futebol, viu-se obrigado a emitir longa nota em que tentou minimizar o problema, diante da avalanche de críticas: “Toda mudança precisa de tempo e paciência para ser implementada. Estamos empenhados em que as mulheres sauditas, em futuro muito próximo, possam ter o direito de ver os jogos de qualquer setor do estádio”.

O PRESIDENTE da Federação Italiana de Futebol ressaltou também: “O futebol precisa muito de plateias globais para continuar se desenvolvendo e aperfeiçoando o crescimento. Da mesma forma, precisamos entender que as leis de um país não podem ser alteradas da noite para o dia”.

MULHERES PRESENTES – As sauditas que demonstram gostar de futebol poderão estar presentes nesta quarta (16) ao jogo em que Juventus e Milan decidirão a Supercopa da Itália, no estádio Rei Abdullah – 62.241 lugares -, desde que acompanhadas de um homem (pais, irmãos, maridos), mas só ocupando o setor denominado família, na parte alta, mais distante do gramado.

A PARTE MAIS BAIXA do estádio, que permite ver o jogo bem de perto e com mais visibilidade, é toda reservada aos homens. Os 62.241 lugares são todos com assento confortável. O estádio Rei Abdullah, 60 km ao norte da cidade portuária de Jeddah, custou 560 milhões de dólares e foi inaugurado em 1/5/2014, na decisão da Copa do Rei em que o Al Shabab venceu (3 x 0) o Al Ahli.

MAIS ALTO DO MUNDO – A Torre do Reino, em construção em Jeddah, será em breve o edifício mais alto do mundo, com mais de mil metros de altura. Segundo maior país árabe do mundo, depois da Argélia, a Arábia Saudita é o maior país árabe na Ásia (2.150 mil km2), com a segunda maior reserva de petróleo e a sexta maior de gás natural do planeta. Riad, a capital, Jeddah, e Meca e Medina, cidades sagradas do islamismo, são as mais importantes do país, classificado pelo Banco Mundial como o décimo nono maior PIB do mundo.

OITAVO TÍTULO – A decisão da Supercopa da Itália de hoje (quarta, 16), em Jeddah, vale como desempate porque Juventus e Milan foram campeões sete vezes. O representante da Federação Italiana, Marco Brunelli, e o coordenador da Federação Saudita, Turki Al Shiek, posaram na véspera do jogo com a taça, que entregarão ao capitão vencedor. A Juventus, atual heptacampeã, que se aproxima a cada rodada do oitavo título consecutivo, tenta ganhar a Supercopa da Itália pela quinta vez consecutiva.

A SUPERCOPA DA ITÁLIA foi criada em 1989, por sugestão do jornalista Enzo Orsi ao presidente Paulo Mantovani, da Sampdoria, da cidade portuária de Genova, que teve o apoio imediato do então presidente da Federação Italiana, Luciano Nizzola. O meio-campo Toninho Cerezo, da seleção brasileira, foi campeão da última Copa Itália, em 1988 pela Sampdoria, um ano antes da criação da Supercopa da Itália.