Entristece-me muito registrar a morte de Silva, uma das grandes amizades que o futebol me proporcionou, enquanto repórter de rádio na cobertura dos times. Depois de 95 gols em 144 jogos no Corinthians, entre 61 e 64, ele chegou ao Flamengo e foi titular em todos os 14 jogos da campanha vitoriosa do título histórico de campeão do IV Centenário do Rio de Janeiro, em 65, sob o comando do técnico argentino Armando Renganeschi, zagueiro bicampeão carioca 40-41 pelo Fluminense.

A REFERÊNCIA – Silva era a referência do time, que tinha laterais notáveis – Murilo e Paulo Henrique – e meio-campo de técnica refinada – Carlinhos e Nelsinho -, e ganhou 10 jogos (2 empates, 2 derrotas). Silva participou de todos e foi o artilheiro, com 7. Na época do 4-2-4, Valdomiro, Murilo, Ditão, Jaime e Paulo Henrique; Carlinhos e Nelsinho (Fefeu); Paulo Alves, Almir, Silva e Rodrigues. Waldir Amaral, nas transmissões, chamava Carlinhos de Violino e Silva, de Batuta.

NO VASCO 70 – Cinco anos depois, outro técnico notável  Elba de Pádua Lima, o Tim- fez de Silva a referência do Vasco, que não ganhava o campeonato desde o inédito Supersuper de 58. O presidente Agathyrno Silva Gomes trouxe o extraordinário goleiro Andrada, da Argentina, e contratou Silva, presente nos 18 jogos (12 vitórias, 3 empates, 2 derrotas) e artilheiro do time com 10. Ainda era época do 4-2-4: Andrada, Fidélis, Moacir, Renê e Eberval (Batista); Alcir e Buglê; Luis Carlos, Valfrido, Silva e Gilson Nunes.

COPA DE 66 – Silva fez 5 gols em 8 jogos pela seleção, entre 14 de maio e 19 de julho de 1966, quando participou de sua única Copa do Mundo, com Manga, Fidélis, Brito, Orlando e Rildo; Denilson e Lima; Jairzinho, Silva, Pelé e Paraná. O Brasil perdeu (3 x 1) para Portugal, no Goodison Park, em Liverpool, onde antes já havia sido derrotado, por igual placar, pela Hungria. A seleção só venceu (2 x 0) a Bulgária, na estreia, no último jogo de Pelé e Garrincha, juntos, por sinal autores dos gols.

132 JOGOS, 70 GOLS – Foram os números das duas passagens de Silva Batuta, entre 65-66 e 68-69, pelo Flamengo. Ao voltar ao Barcelona, onde só realizou amistosos, em 66-67, foi campeão paulista no Santos, em grandes jogos com Pelé. Silva teve passagem marcante pelo Racing de Buenos Aires, em 69, tornando-se o único brasileiro artilheiro do Campeonato Argentino. Jogou no Botafogo em 71 e em 73 disputou o Campeonato Brasileiro pelo Atlético Rio Negro Clube, de Manaus.

WALTER MACHADO DA SILVA, o Batuta, estava internado há duas semanas com problemas cardíacos. Morreu ontem (29), aos 80 anos, e vai deixar muita saudade entre os que o conheceram como uma figura educada, de finíssimo trato. Peço a Deus que ilumine seu espírito e conforte sua esposa e filhos. Antes de Flamengo x Independiente del Valle, na noite desta quarta (30), no Maracanã, a memória de Silva, o Batuta, será respeitada com um sentido minuto de silêncio.

Fotos: Museu da Pelada, Acervo Deni Menezes, Folha UOL, Gávea News, Futebol Portenho, Trivela, Blogsoberano, Anotando Fútbol,