O ESTILO VASELINA DE TITE é bem conhecido. Se não fosse técnico, seria diplomata do Itamaraty, pela educação e polidez. Habilidoso e de fala mansa, quer sempre agradar a todos, estar de bem com Deus e com o diabo, como mostrou na convocação desta 6ª feira (11) para os jogos com o Chile, dia 24, no Maracanã, e com a Bolívia, dia 29, na altitude de La Paz.

DOS QUE JOGAM NO BRASIL, só chamou Weverton, bom goleiro do Palmeiras, a meu juízo, nivelado a Alisson e Ederson, e Arana, bom lateral-esquerdo do Atlético Mineiro, que vejo como o melhor da posição no Brasil. Não convocou Pedro, que o próprio Flamengo está deixando cada vez mais distante da seleção, mas não o descartou nas próximas convocações.

TITE CONSEGUIU SURPREENDER o próprio volante Arthur, que não era convocado desde outubro de 2020, mal em 2018-19 e 2019-20 no Barcelona, sem evoluir em 32 jogos em 2020-21 na Juventus, em que só entrou em 23 jogos da atual temporada 2021-22: 1 gol e 1 assistência em 55 jogos. Ponto morto como reserva caro em dois times de ponta da Europa.

NOVIDADE MESMO, na lista dos 25, Gabriel Martinelli, atacante de 20 anos, revelação do Campeonato Paulista de 2019, quando saiu do Ituano para o londrino Arsenal. Com a volta de Neymar, Martinelli será uma das seis opções para o ataque, sem que se creia que possa estar à frente de Raphinha, Richarlison e Vinícius Jr, em uma formação com Neymar e mais dois.

SURPREENDE QUE O TÉCNICO não tenha dado sequer uma chance a Bruno Henrique. Não vejo outro atacante com mais potencial no futebol brasileiro. Rápido nas arrancadas, nos dribles e nas finalizações de primeira. Se aparecesse um pouco mais na mídia, talvez sua chance fosse maior, mas Bruno Henrique se mostra introvertido, sem o tipo marqueteiro. 

TITE É O TERCEIRO TÉCNICO, depois de Mario Zagallo e Telê Santana, a dirigir a seleção em duas Copas consecutivas, após o 6º lugar em 2018, eliminado pela Bélgica nas quartas de final. As perspectivas não são animadoras. Restam oito jogos de preparação, incluídos os três amistosos entre 31 de maio e 14 de junho e mais dois, entre 19 e 27 de setembro de 2022.

BOM DIZER: a FIFA ainda não marcou dia e local do jogo com a Argentina, que agentes da Anvisa e da Polícia Federal interromperam na Arena Corinthians, no domingo, 5 de setembro de 2021. Bom repetir: a invencibilidade em 15 jogos, com 12 vitórias nas eliminatórias, não é parâmetro. O Brasil é só uma ilusão no combalido futebol sul-americano.

Foto: CBF