A FRASE SIMPLES, OBJETIVA E DIRETA “Rumo ao Hexa”, no belo saguão de entrada da linda e bem cuidada sede da Confederação Brasileira de Futebol, na Barra da Tijuca, bairro nobre da Zona Oeste do Rio de Janeiro, é compartilhada por Tite. O terceiro técnico a dirigir a seleção pela segunda Copa consecutiva, depois de Zagallo em 70-74, e Telê Santana em 82-86, é um otimista que não gosta de exagero.
TITE ABRIU SUA ESPAÇOSA E CONFORTÁVEL SALA, no 2º andar, para que Marcelo Santos e eu pudéssemos fazer a matéria, ressaltando: “Sem pressa, com toda calma, o tempo que precisarem. Estou aqui para recebê-los da melhor maneira, com a atenção que merecem, e que só saiam depois que não faltou mais nada a perguntar.
–O que ficou de melhor da Copa de 2018, que ainda pode ser aplicado em 2022?
-Em 2018 havia uma pressão para a classificação da seleção. O Equador liderava as eliminatórias e o Brasil era apenas o sexto. Fomos subindo degrau por degrau. Mesmo que o futebol, como tudo na vida, evolua, não se pode desprezar o passado.
–Comparando com a de 2018, como avalia a evolução da seleção para 2022?
-Com otimismo e confiança. Os que estarão no Catar terão mais quatro anos de amadurecimento, o que conta muito, principalmente para os mais novos. Evoluímos e temos motivos para acreditar que a seleção cumprirá bem o papel.
–Brasil, Sérvia, Suíça e Camarões, um grupo para o Brasil ser 1º?
-Não é fácil, mas permite. A Sérvia é mais técnica; a Suíça, mais fechada, explora bem os contra-ataques. Camarões marca forte e usa mais a velocidade.
–Em que mais o futebol mundial evoluiu?
-Na parte fisica, defensiva e na velocidade. O europeu e o sul-americano se mostram sempre mais conservadores, mas não deixam de acompanhar a evolução.
Marcelo Santos, parceiro de todas as matérias, quis saber se a seleção está fechada.
-Vamos fazer a convocação final na primeira semana de novembro. Diria que está 97% fechada, Marcelo, com pouca chance de surpresa na reta final do anúncio.
–É outra Copa que dificilmente deixará de ser de europeu ou sul-americano?
-Pelo que se observa, sim, Deni, mas o futebol está sempre sujeito a mudanças, e as surpresas nunca deixarão de existir.
–Quais devem ser as maiores favoritas entre as europeias?
-O retrospecto aponta para a campeã França; a Inglaterra e a Bélgica, com os mesmos técnicos, e Alemanha, que trocou de comando, mas manteve os valores e faz uma boa renovação.
–Entre os sul-americanos, só mesmo Brasil e Argentina?
-Teoricamente, sim, mas o Uruguai, que mudou de técnico, não pode nem deve ser desprezado. É uma seleção forte, raçuda, e como dizem, joga com a faca nos dentes.
Curioso, e antes que Tite esboçasse outra resposta, Marcelo Santos quis saber: você aceitaria dirigir outra seleção?
-Nem posso te responder, Marcelo, porque é a primeira vez que me perguntam. O futebol é como a vida, dá sempre muitas voltas.
Penso que, outra vez, Tite não vai escapar de críticas, ao fazer a convocação final em novembro, e ele respondeu sorrindo: “Não será diferente nunca, Deni, porque o técnico chamou um e não convocou outro. Ninguém consegue agradar a todos”.
–A Copa foi basicamente disputada por 16 seleções, passou a 24 e será a última com 32 seleções. Em 2026, a primeira com 48 seleções, Tite…
-É muito, é exagero. 48 seleções é muito.
-A Copa também já teve duas sedes (2002, Japão e Coreia do Sul); em 2026 terá três (México, Estados Unidos, Canadá), e em 2030, ano do centenário, querem a Copa em quatro países (Uruguai, Argentina, que fizeram a 1ª final em 1930; Chile e Paraguai)…
-Pode até ser bom porque a distância não é tão grande.
–O VAR é bom?
-Muito bom. Corrige, torna o jogo mais justo.
–Racismo, Tite.
-Demonstração clara de falta de educação, de formação, de quem não teve berço.
–Por que os técnicos andam tão nervosos, advertidos, expulsos?
-É a pressão, cada vez mais forte, pelo resultado. Mas há os calmos, equilibrados, que sabem manter a postura, e o Roger Machado (do Grêmio) é um deles.
–O melhor de Portugal em Copa – 3º em 66, 4º em 2006 – foi com técnicos brasileiros (Oto Glória e Scolari). Agora os clubes brasileiros “descobriram” os portugueses…
-A competência não tem vínculo com a nacionalidade. Os resultados é que falam mais alto.
–Quem foi o segundo melhor jogador do mundo?
-Boa pergunta, Deni. O Pelé foi o melhor, ponto. Gostava muito do Zidane, ambidestro, preciso nos lançamentos, nas faltas e em quase todas as finalizações.
–Maradona ou Messi?
-Não sei. Só acho que o Maradona não deveria ter dito que o gol foi com a mão de Deus. Deus não faz nada errado.
–Gerson ou Rivelino?
-Os dois. Aquele drible do elástico do Rivelino, foi no Alcir, né? Aquilo foi coisa de cinema, de pintura, de arte pura. Tite aponta para a camisa do Gerson, ainda com escudo da CBD, antecessora da CBF, em uma moldura na parede: “Camisa do Gerson, com dedicatória. Haja emoção”.
–O destro ou o canhoto?
-O canhoto. Gosto mais do canhoto, sem tirar mérito do destro. O canhoto é mais habilidoso.
O ANIVERSÁRIO DE CLAUDIA
CLAUDIA SCHNABL FARIA, Gerente Administrativo do Departamento de Seleções da CBF, comemora mais um aniversário nesta 4ª feira, 10 de agosto, com o carinho da família, e de todos da Confederação Brasileira de Futebol, pelo seu trabalho qualificado.