Junior, recordista de jogos do Flamengo, com o repórter fotográfico Marcelo Santos, web designer e técnico em seleção e publicação de fotos do Blog do Deni Menezes, à esquerda. 

508 VITÓRIAS, 78 GOLS, 876 JOGOS, o resumo dos números mais importantes da carreira de Junior, recordista de jogos do Flamengo, seis vezes campeão carioca, e do único time, da história de 125 anos do clube, campeão no mesmo ano, da Libertadores e do Mundial de clubes, em 1981. Nada pode ser mais expressivo do que a síntese dele: “Não sei se trocaria a Copa do Mundo pelos quatro Campeonatos Brasileiros, pela Libertadores e pelo Mundial do Flamengo”.

SALÃO E PRAIA – Muito da técnica refinada que mostrou nos gramados, Junior aprendeu no ginásio do Sírio Libanês, em Botafogo, jogando futebol de salão, hoje futsal, e na praia de Copacabana, jogando futebol de areia pelo Juventus. Foi em um dos jogos do time do posto 3, que Junior despertou a atenção do paraguaio Modesto Bria, da famosa linha média Biguá, Bria e Jaime, do primeiro tricampeonato do Flamengo, antes do Maracanã, em 1942-43-44. 

TRÊS POSIÇÕES – Junior iniciou como volante no juvenil, mas ganhou o primeiro título carioca, em 1974, na lateral-direita, sugestão de Jaime Valente, assistente do técnico Jouber, que aprendeu com o paraguaio Fleitas Solich, seu técnico e do primeiro tri no Maracanã, em 1953-54-55, a lançar garotos. Junior, Rondinelli, Jaime e Geraldo foram da geração de Zico, também campeão pela primeira vez em 74, quando bateu o recorde de Dida, com 19 gols no Carioca.

PRIMEIRO TIME – Renato, Junior, Jaime, Luis Carlos e Rodrigues Neto; Liminha, Zé Mario e Zico; Paulinho, Doval e Edson, o primeiro time em que Junior foi campeão, marcando dois gols em oito jogos dos 27 da campanha. O hoje técnico Vanderlei Luxemburgo era reserva das laterais. Junior relembra: “Era uma equipe com a maioria em formação, mas que jogava com muita disposição e tinha no Jouber um técnico exigente, que sabia corrigir e ensinar”.

TROCA-TROCA – O lateral-direito campeão de 74 mudou de lado no segundo título, com Claudio Coutinho, em 1978, ano em que o técnico não o levou à Copa do Mundo na Argentina. Junior disputou todos os 22 jogos na lateral-esquerda porque o Flamengo recebeu o baiano Toninho, do Fluminense: “O Horta agitou bem o mercado com o troca-troca, que motivou não só os jogadores como também os torcedores” – recorda Junior, mais de 40 anos depois.

OBSERVADOR – O meio-campo de 78 era Carpegiani, Adílio e Zico, além de Raul, que veio do Cruzeiro, e Tita, ponta dos bons. Junior realça as atuações do gaúcho Paulo Cesar Carpegiani: “Era tão bom observador quanto à grande visão que tinha do jogo. Não houve nenhuma surpresa, depois de ter sido bicampeão brasileiro no Inter (75-76), ao lado do Falcão, que tenha sido o excelente treinador que foi ao encerrar a carreira conosco no Flamengo”.

ANO ESPECIAL – Junior diz que 1981, quando ganhou o quinto título carioca, foi o ano especial do Flamengo: “Os 6 x 0 de 1972 do Botafogo foram devolvidos, ganhamos o Carioca, a Libertadores e o Mundial no Japão”. Carpegiani dirigiu a formação mais vitoriosa da história do clube: Raul, Leandro, Figueiredo (Marinho), Mozer e Junior; Andrade, Adílio e Zico; Lico, Nunes e Tita, com troca de posição dos pontas, sempre que o panorama do jogo pedisse.
– O time de 81 foi superior ao atual?

– Não se pode comparar épocas. O nosso grupo era bom, mas o de hoje também é, e vem provando com vitórias e títulos. Vamos torcer para que tudo dê certo nas semifinais da Libertadores.

SELEÇÃO – Junior ganhou 47 dos 74 jogos com a seleção brasileira, desde os 6 x 0 da estreia no amistoso com o Paraguai, em 17 de maio de 79, no Maracanã, aos 3 x 1 na Alemanha, no amistoso de 16 de dezembro de 92, no Beira Rio, em Porto Alegre. Marcou o primeiro gol nos 4 x 1 na Alemanha, em 7 de janeiro de 81, no Mundialito do Uruguai, e o último dos seis, nos 3 x 1 na Argentina, o único em Copa do Mundo, em 2 de julho de 82.

-Qual foi teu jogo inesquecível?
-Alguns, mas o do Mundial de 81, com 3 x 0 no Liverpool, não dá pra esquecer. 

-E o gol que mais te tocou?
-Não fiz tantos, mas o do 1 x 0, no amistoso de 82 com a Alemanha, no Maracanã, também me marcou muito.

-O que faltou na Copa de 82?
-Sem explicação. Se até hoje a seleção que não ganhou a Copa é lembrada, não há muito mais o que dizer.

-Telê Santana sabia mesmo das coisas?
-Sabia muito e mais um pouco. Era um técnico preparado, consciente, justo, admirado pela competência e por outras virtudes, tais como a lealdade. Nada escapava, ele olhava bem em todas as direções.

-Em 2022 a Copa volta ou serão cinco Copas sem Copa?
-É preciso ajustar muita coisa. O que temos visto é pouco pra voltar do Catar com a taça.

RESENHA – Veja a entrevista com Junior no programa semanal RESENHA, no canal do Youtube. Inscreva-se e compartilhe. 

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