Neste 29 de janeiro de 2020 em que o aquariano Romário completa 54 anos, suas marcas extraordinárias continuam na lembrança dos que tiveram a felicidade de acompanhar sua vitoriosa carreira, como é o meu caso, que tantas vezes convivi com ele, em clubes e na seleção, como na Copa que o Brasil ganhou em 1994. Não me incluo entre os que o consideravam marrento porque mereci sempre atenção e bom tratamento dele.

ARTILHEIRO – A primeira cobertura internacional que fiz de Romário foi em 1988, no torneio do bicentenário da Austrália, onde a seleção ganhou e ele foi o artilheiro, com o gol do 1 x 0 da estreia e dos dois gols nos 3 x 0 da decisão, em jogos com a seleção australiana, em Melbourne e em Sydney. Foi artilheiro e craque do torneio, recebendo o prêmio das mãos de João Havelange, único brasileiro a presidir a FIFA.

COPA DE 94 – Outra das minhas coberturas marcantes foi a da Copa de 94, nos Estados Unidos, onde Romário se destacou de novo como artilheiro da seleção. Não se apaga da minha memória a frase de Cruyff, notável meia holandês, que vi na Copa de 74, e seu técnico no Barcelona: “O gênio da grande área. Romário foi o rei do futebol dos anos 90, com exibições e gols notáveis. Não ficou nenhuma dúvida: sem ele, o Brasil não teria ganho a Copa”.

AS APOSTAS – Romário ganhou muitas apostas com Cruyff para matar saudade do Rio, no título espanhol de 93-94, quando se tornou o primeiro da história do Barcelona com cinco hat-tricks (três gols em um jogo). Nos 5 x 0 no Real Madrid, os torcedores escolheram seu gol o mais bonito e o escalaram capitão do time dos sonhos. Em todo jogo que fizesse dois gols, seria liberado pelo técnico para viajar ao Brasil. Cruyff sempre pagou a aposta.

IMPOSSÍVEL – O técnico mais vitorioso do futebol mundial, Alex Ferguson, que comandou o Manchester United em 41 títulos – 13 vezes campeão inglês – e ganhou estátua em tamanho natural na entrada do estádio de Old Trafford, depois de mais de 1.500 jogos, de 1986 a 2013, resumiu após a goleada (4 x 0) do Barcelona: “Impossível. Não há esquema de marcação capaz de conter Romário”. O artilheiro marcou o segundo gol desse jogo.

RESISTÊNCIA – Com o clamor dos torcedores, Romário venceu, de uma só vez, a dura resistência do técnico Parreira e do coordenador Zagallo, que não o queriam na seleção nas eliminatórias da Copa de 94. O artilheiro foi decisivo na classificação, ao marcar os gols dos 2 x 0 sobre o Uruguai, no domingo, 19 de setembro de 93, aos 26 e aos 38 do segundo tempo, no gol à direita da tribuna de honra do Maracanã. Saiu aplaudido por 115 mil pagantes!

FRASE DO REI – Embora tenha dito certa vez “Pelé calado é um poeta”, Romário agradeceu pela frase do Rei: “Se Romário fosse argentino, seria mais endeusado que Maradona”. Michael Laudrup, maior jogador da história da Dinamarca, disse: “Joguei com e contra vários grandes jogadores, nenhum igual ao RomárioDiego Maradona, tido por muitos como o melhor argentino da história, também elogiou: “Romário foi brilhante. Pensava e decidia rápido”.

4.600 MIL VOTOS – Depois de se eleger deputado federal, Romário deu salto ainda maior na política. Em outubro de 2014, com 4.683.963 votos, foi o mais votado do Rio de Janeiro para o Senado, onde cumpre mandato até 2022. Dentro do seu estilo franco e irreverente, quase sempre dizendo na hora o que lhe vem à cabeça, Romário não pensou duas vezes: “Achava que política era lugar de ladrão e sacanagem. E acerteiDepois, pediu desculpa.

DO JACAREZINHO PARA O MUNDO

  • Romário de Souza Faria, filho querido do seu Evair e da dona Lita, é carioca do Jacarezinho, onde viveu até os três anos, quando a família se mudou para a Vila da Penha. Enquanto secretário de Esporte e Lazer de Duque de Caxias, em gestões do prefeito Zito, seu irmão Ronaldo, gente finíssima, foi meu subsecretário.
  • Romário recebeu com bom humor a homenagem que lhe foi prestada pelos amigos de Duque de Caxias: o nome do estádio do segundo município do estado é… Marrentão. Até hoje não sei porque passou a ser chamado de marrento. Romário é um cara alegre, feliz, bem humorado. É o próprio carioca da gema.
  • Romário começou a balançar as redes em 1979, artilheiro do time infantil do Olaria. E ao ser lançado no juvenil do Vasco também não fez por menos: três anos consecutivos goleador do Campeonato Carioca, em 82, 83, 84. Bom lembrar: na época, não havia a categoria júnior. 
  • Romário foi artilheiro em 27 das 83 competições oficiais de que participou. Gols: Vasco – 269 em 349 jogos. Flamengo – 185 em 221 jogos. Fluminense – 16 em 26 jogos. PSV (Holanda) – 129 em 145 jogos. Barcelona – 39 em 65 jogos. Valencia – 6 gols em 12 jogos. Miami – 41 em 55 jogos.
  • Romário foi artilheiro do Campeonato Carioca em 1986 (20 gols); em 1987 (16); em 1996 (26); em 1997 (18); em 1998 (10); em 1999 (16) e em 2000 (19 gols). Artilheiro dos Jogos Olímpicos de Seul em 1988 (7 gols). Foi o primeiro estrangeiro a ganhar o tricampeonato da Holanda pelo PSV, em 89-90, 90-91 e 91-92.
  • Romário realizou o sonho do pai Edevair ao levar o América de volta à primeira divisão carioca em 2010. No dia 25 de novembro de 2009, marcou o gol do título, em decisão com o Artsul, de Nova Iguaçu. Torcedor fanático, o pai dele havia comemorado o último título carioca do América em 1960.

Um dia feliz, Romário. Aproveite. Desfrute bem. Afinal, 54 anos não se comemora todo dia.

Fotos: torcedores.com, meu timão, Fox Sports, Ig Esporte, Lance,  Pedro Ladeira/Folhapress, Jovem Pan, yellow and green Football, Labaroviola,