PRIMEIRO ÁRBITRO sul-americano a apitar uma final de Copa do Mundo – Itália 3 x 1 Alemanha -, em 1982, na Espanha, o carioca Arnaldo Cezar Coelho reuniu em almoço um grupo seleto de amigos para comemorar os 80 anos que José Roberto Wright completa neste sábado, 7 de setembro.

JOSÉ ROBERTO WRIGHT foi o último carioca a apitar em Copa do Mundo, em 1990, na Itália, com a maior nota da história das Copas, pela atuação em Inglaterra 1 x 1 Alemanha (4 x 3 nos pênaltis), seu jogo inesquecível, na semifinal da 4ª feira, 7 de julho, a que cobri no estádio Delle Alpi, em Turim. Ele atuou em mais de 1.200 jogos.

FOI A 4ª ATUAÇÃO em sua única Copa, depois de Itália 1 x 0 Áustria, no Estádio Olímpico de Roma; União Soviética (hoje Rússia) 4 x 0 Camarões, no estádio San Nicola, em Bari, e Romênia 0 x 0 Irlanda (5 x 4 nos pênaltis), no estádio Luigi Ferraris, na cidade portuária de Gênova.

WRIGHT foi premiado pela Federação Internacional de História e Estatistica de Futebol como o melhor árbitro da Copa do Mundo de 1990: “Foi o melhor reconhecimento que tive na minha carreira, depois de atuar em quatro jogos muito difíceis, mas, felizmente, sem nenhum problema”.

QUANDO LHE PERGUNTEI por que oito Copas já se passaram, sem árbitro carioca, Wright não hesitou: “A comissão de arbitragem da Federação de Futebol do Rio de Janeiro não tem dado a devida atenção, como no passado. É teórica, quando deveria ser mais prática”.

E O QUE FALTA ao futebol brasileiro para voltar a ganhar a Copa? Wright também foi direto e objetivo: “Organização. Infelizmente, a CBF – Confederação Brasileira de Futebol – não tem tido pessoas que entendam a raiz do futebol brasileiro”.

PELÉ E GARRINCHA à parte, Wright fala de quatro especiais: Zico e Junior, Maradona e Van Basten. O ex-árbitro diz que “Zico e Junior excediam em técnica e foram profissionais na acepção da palavra”. Dos estrangeiros, Maradona, melhor que Messi, e o holandês Marco van Basten.

SOBRE O VAR, usado pela primeira vez na Copa do Mundo de 2018, Wright chegou a usar um termo chulo para definir, mas como era hora do almoço, substituiu por “não é confiável”. Na opinião dele, “foi criado para solucionar, mas ainda não consegue resolver certos problemas”.

O DRIBLE OU O PASSE? Wright considera que “são duas obras de arte do futebol”, mas diz que “o drible bem aplicado, como os de Garrincha, é bem mais bonito, embora os lançamentos do Didi e do Gerson fossem precisos, deixando o artilheiro sempre na cara do gol”.

WRIGHT FOI ÁRBITRO de 17 finais, 8 do Brasileiro, 7 do Carioca, duas da Libertadores: River 1 x 0 América de Cali (29/10/86) e Colo-Colo 3 x 0 Olímpia (5/6/91): “Hoje é fácil. Na minha época, o couro comia solto, mas eu encarava”. Wright foi faixa preta de judô.

Mario Jorge Guimarães, Telmo Zanini, o aniversariante José Roberto Wright, Deni Menezes e Arnaldo Cezar Coelho na varanda do Clube Marimbás.

FLAMENGO x ATLÉTICO, Libertadores 1981, com 71 mil torcedores na 6ª feira, 21 de agosto, no Serra Dourada, em Goiânia. Wright expulsou cinco do Atlético, que abandonou o campo e perdeu a vaga: “Se fosse hoje, faria tudo de novo. Não foram jogar, foram criar problema e tumulto”.

POUCOS SABEM, talvez alguns se lembrem: José Roberto Wright foi da equipe de atletismo e goleiro do Fluminense, que frequentou desde garoto, com o pai, Benjamim Wright, comentarista da época de ouro do rádio, com quem tive a honra de trabalhar, na Nacional e na Globo.

Arnaldo Cezar Coelho, José Roberto Wright e Deni Menezes

Fotos: acervo Deni Menezes, Reprodução / Internet, Estadão e Kin Saito/CBF