Miguel Locatelli/Site Oficial
 

 

Vice-campeão e único do Rio na Libertadores 2019, o Flamengo fez um papelão na despedida de 2018, ao levar a virada (2 x 1), em cinco minutos, dos reservas do Atlético Paranaense, na noite deste primeiro sábado (1) de dezembro. Das oito derrotas que o time sofreu no Brasileirão, foi a terceira no Maracanã, após as duas de 1 x 0 para o São Paulo e o Ceará, o que irritou os mais de 60 mil torcedores, que não contiveram o coro de time sem vergonha, e xingaram Eduardo Bandeira, que deixa a presidência sem ganhar um título expressivo, dando razão aos opositores, que o chamam de pé frio.

 

APAGADO – O Flamengo não teve atuação convincente, mostrando-se sem brilho, apesar do apoio dos torcedores – 62.994 pagantes, R$697.255,00 -, em jogo sem nenhuma importância, com o vice-campeonato e a vaga na Libertadores garantidos. A vantagem do primeiro tempo, com o gol do zagueiro Rhodolfo, aos 23 minutos, após o escanteio de Diego, não fez o time voltar do intervalo com mais disposição para oferecer a exibição que a torcida merecia na despedida do ano.

 

A VIRADA – O Atlético Paranaense voltou melhor e teve no argentino Lucho Gonzalez, meia criativo e de muito talento, seu principal nome. Logo no primeiro lance, ao substituir o lateral-direito Diego Ferreira, ele deu assistência especial para Mateus Rossetto empatar aos aos 20 minutos. O Flamengo sentiu e o Atlético se impôs. Lucho Gonzalez descobriu outro espaço, criou bela jogada e deixou Rony em condições do gol da virada, aos 25, com direito ao salto mortal na comemoração. Pintura de gol!

 

CANETA – Diz-se do lance em que o jogador faz a bola passar por entre as pernas do adversário. Uma das mais belas canetas do Brasileirão 2018 foi a que o lateral-esquerdo Marcio Azevedo, reserva do Atlético Paranaense, aplicou hoje no colombiano Orlando Berrío, ao iniciar a jogada do gol da virada. Tanto quanto o gol de Rony, que acertou o ângulo do goleiro Cesar, foi um dos lances primorosos do último jogo do ano no Maracanã.

Foto: Paquetá / mg.superesportes.com.br/

PAQUETÁ – Não poderia ser mais triste a despedida de um jogador de 21 anos, formado na base do clube, mas que entrou em declínio desde que sua venda ao Milan foi acertada. Tornou-se clara a queda de rendimento, além de passar a ser um jogador tenso, reclamando de tudo e de nada, que se despediu com atuação sem brilho, sem gol e com o cartão amarelo que lhe foi bem mostrado aos 37 do segundo tempo. Paquetá vai ter que mudar a postura e o temperamento para ganhar espaço no Milan.

 

EQUILÍBRIO – Foi o que faltou a alguns jogadores do Flamengo, quando o campeonato entrou na reta final. Entre os mais tensos, talvez pela incerteza quanto à permanência no clube, o apoiador Willian Arão. Perdeu o controle, aos 33 do segundo tempo, ao receber amarelo pelo lençol, termo usado no Rio (em São Paulo, chapéu; no Norte, banho de cuia), que levou de Rony, a quem atingiu três minutos depois, sendo merecidamente expulso. 

 

DORIVAL JÚNIOR, técnico de larga experiência e que fez bom trabalho à frente do time nos últimos doze jogos, também vinha se mostrando irritadiço, gesticulando muito, nervoso e abusando do direito de reclamar, ainda que seja um profissional educado. Também foi expulso por se exceder na corrida para reclamar do quarto árbitro. E acabou sobrando também para Rony, o autor do gol da virada, que foi além do que podia ao reclamar, até de forma acintosa.

 

BOM SALDO – A tendência é que o Flamengo termine o Brasileirão 2018, oito pontos atrás do campeão Palmeiras (80 a 72), favorito a vencer amanhã (2) o Vitória, em São Paulo, em clima de muita festa no Allianz Parque. Mas, o Flamengo, vice-campeão, teve bom saldo: nas 21 vitórias, não sofreu gol em 19. E só não fez gol em 5 jogos. Vai terminar com o segundo ataque mais positivo (58). E terceira defesa menos vazada (28), se Inter (28) e Grêmio (27) não sofrerem gol amanhã (2).

 

SEGUNDA FORA – Das 16 vitórias do Atlético Paranaense, que abre o grupo dos quatro classificados para a Sul-Americana 2019, catorze foram na Arena da Baixada, onde não sofreu gol em 11 jogos. Fora de Curitiba, a virada sobre o Flamengo foi apenas a segunda vitória, depois de 1 x 0 no Vitória. O Atlético perdeu 10 dos 19 jogos fora e não fez gol em 5, mais cinco 0 x 0, placar registrado, em Curitiba, só no jogo com o Bahia.

 

TRIGÉSIMA VIRADA – Das 30 vitórias de virada do Brasileirão 2018, foi a primeira no Maracanã, única que o Flamengo sofreu nos 38 jogos e também a única que o Atlético Paranaense conseguiu fora de casa. As outras duas, ambas por 2 x 1, foram em Curitiba, onde venceu o Grêmio na vigésima primeira rodada e o Botafogo na trigésima primeira.

 

SOFREU SEIS – O Atlético Paranaense sofreu 13 derrotas e seis foram de virada, quatro para os times mineiros: 2 x 1 no turno e 3 x 1 no returno para o Atlético; 3 x 1 para o América, na nona rodada, e 2 x 1 para o Cruzeiro, na décima quarta. As outras duas viradas, ambas por 2 x 1, foram da Chapecoense, na vigésima rodada, e pelo Internacional, na trigésima segunda.