Foto: Marcelo Carroll

Depois de ganhar na noite deste domingo (9) de dezembro a primeira final da Copa Libertadores entre argentinos, com a virada histórica (3 x 1) sobre o Boca Juniors, diante de 70 mil torcedores, no estádio do Real Madrid, o River Plate quer agora o título inédito de campeão mundial de clubes, que vai disputar a partir do próximo fim de semana, em Abu-Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos. Pela primeira vez, depois de 58 anos, a Libertadores foi decidida fora do continente sul-americano.

JOGO ÚNICO – A decisão deste domingo (9) foi também a última da Libertadores em dois jogos, de vez que, a partir de 2019, o torneio terá final em jogo único e sempre em estádio neutro, como acontece na Liga dos Campeões da Europa. A Confederação Sul-Americana de Futebol até já marcou a data da final do jogo único, que será em 23 de novembro de 2019, no Estádio Nacional de Santiago do Chile. 

BOM JOGO – River e Boca haviam empatado (2 x 2) o jogo de ida, no Estádio Monumental de Nuñez, do River, em Buenos Aires, com muita movimentação, o que voltaram a fazer hoje (domingo, 9), no Estádio Santiago Bernabeu, do Real Madrid. O 1 x 1 do tempo normal levou o jogo à prorrogação em que o River soube aproveitar a expulsão do meia Barrios, do Boca, logo no início do segundo tempo, para conseguir a virada histórica.

Foto: Clarín / AP

 VANTAGEM – Com o gol do atacante Dario Benedetto, aos 41 minutos, após lançamento de Nandez em contra-ataque, o Boca saiu em vantagem para o intervalo, após ligeira superioridade. Benedetto livrou-se bem do zagueiro Maidana ao entrar na área e tocou de pé direito no canto esquerdo. A bola entrou rente à trave e o goleiro Franco Armani nada pôde fazer, enquanto a torcida do Boca ia ao delírio nos quatro andares do estádio ocupados.

NA VOLTA dos vestiários, o River tomou a iniciativa das ações, obrigando o Boca a recuar para manter a vantagem. Mas, aos 23 minutos, depois de jogada bem trabalhada, o lateral Montiel deixou Lucas Pratto em condições de finalizar de pé direito, da marca do pênalti, sem chance para o goleiro Andrada. O River ainda tentou o segundo gol, mas o ritmo caiu e os times pareciam conformados com a prorrogação, que os obrigaria a decidir nos pênaltis se o empatasse persistisse.

EXPULSÃO – O volante Vilmar Barrios facilitou a virada do River na prorrogação, ao receber o segundo amarelo e o vermelho, por falta no meia Ignacio Fernandez, logo aos dois minutos. Tanto que logo no minuto seguinte, Juan Quinteros fez o gol da virada (2 x 1), com chute de canhota, de fora da área. A bola ainda tocou levemente no travessão antes de cair dentro do gol, aos três minutos. Aí foi a vez de os torcedores do River explodirem na comemoração.

DESESPERO – Levando a virada e com menos um, o Boca entrou em desespero. Até o goleiro Andrada foi à área do River em dois escanteios, tentando ajudar no empate. Sua segunda saída foi fatal, aos 16 do segundo tempo da prorrogação, porque o River, em contra-ataque e com muito espaço, marcou o terceiro gol no último lance. Pity Martinez recebeu a bola no próprio campo, e como todos da defesa do Boca estavam adiantados, ele correu em campo livre e, sem goleiro, fez o terceiro gol.

Foto: site ole.com.ar

No lance anterior, quando houve escanteio a favor do Boca, Pavon acertou a trave direita do River, que então iniciou o contra-ataque para liquidar de vez o jogo com o terceiro gol. Essa há de ter sido a inspiração do Clarin, tradicional e prestigioso jornal argentino, que registrou em sua edição online: “Poderia ser do Boca e foi do River, que soube aproveitar os momentos certos”.

Foto: MARCELO CARROLL

OS CAMPEÕES – Armani, Montiel (Mayada, 28 do segundo tempo), Maidana, Pinola e Casco; Ponzio (Juan Quinteros, 13 do segundo tempo), Enzo Perez, Palacios (Julian Alvarez,7 do primeiro tempo da prorrogação) e Ignacio Fernandez (Zucullini, 6 do segundo tempo da prorrogação); Pity Martinez e Lucas Pratto. Suspenso, o técnico Marcelo Gallardo assistiu da tribuna e só desceu para receber a medalha e participar das comemorações no gramado.

MARCELO GALLARDO é um dos cinco argentinos que ganharam a Libertadores como jogador (1996) e técnico (2015 e 2018). Foi meio-campo em três passagens pelo River Plate, com 191 jogos e 44 gols. Na França, jogou pelo Mônaco (99 a 2003) e pelo PSG, em 2007. Técnico campeão uruguaio pelo Nacional de Montevidéu, em 2012, dirige o River desde 2014. Ídolo dos torcedores, que o apelidaram de Muñeco (Boneco). Gallardo tem 42 anos. O River ganhou a Libertadores em 86, 96, 2015 e 2018.

Foto: AFP

OITO CARTÕES – O árbitro uruguaio Andrés Cunha, 42 anos, soube controlar um jogo marcado desde o início pela tensão e que teve a primeira falta, de Lucas Pratto (River) em Pablo Perez, logo aos 50 segundos! Mostrou dois amarelos no primeiro tempo: Ponzio (River) e Pablo Perez. No segundo tempo, advertiu Ignacio Fernandez e Maidana (River), e Barrios. Na prorrogação, Barrios, que em seguida levou o vermelho, e Carlos Tevez. O jogo registrou 41 faltas, 23 do River.

TAÇA HISTÓRICA – A última taça decidida em dois jogos foi entregue pelo presidente da Confederação Sul-Americana ao capitão Ponzio, que a ergueu junto com o técnico Marcelo Gallardo e o zagueiro Maidana. Depois, todos os jogadores também posaram com a taça e beijaram, levando à emoção o presidente Rodolfo D’Onofrio, de 71 anos, que disse: “É um dos dias mais felizes e importantes da minha vida”.

Foto: Reprodução Fox Sports

• MESSI DE BONÉ – Bem relaxado, de tênis, camisa esporte e boné, Messi assistiu e foi aplaudido pelos torcedores. A seu lado, o lateral-esquerdo Jordi Alba, do Barcelona, e o argentino Javier Zanetti, ex-lateral, hoje aos 45 anos, recordista de jogos (858) com a camisa da Inter de Milão – cinco vezes campeão italiano – e que na Argentina só jogou pelo Talleres (92-93) e pelo Banfield (93-95), e pela seleção (145 jogos, 5 gols), de 94 a 2011.

• RIVER SUPERA – Com a conquista da quarta Libertadores, o River passou à frente do Santos, São Paulo e Grêmio, que ganharam três. O futebol argentino manteve a vantagem de sete títulos sobre o brasileiro, com 25 Libertadores. O Brasil ganhou 18. O Independiente continua como o maior campeão com sete títulos e único tetra: 64-65, 72-73-74-75 e 1984.

• MUITO CHORO – Desolados, abatidos e chorando, os jogadores do Boca passaram rápido pelo pódio armado para a premiação e a maioria tirou logo a medalha do pescoço. Alguns, apenas receberam e sequer colocaram, assim como não estenderam a mão para os cumprimentos dos presidentes Alejandro Dominguez, da Confederação Sul-Americana, e Gianni Infantino, da Fifa. 

• MAIS VALIOSO – Reconhecido como o time mais popular do país, o Boca é também o mais valioso do futebol sul-americano. Seu elenco está avaliado em torno de 500 milhões de reais. Apesar da perda do título, os jogadores terão uma grande recepção na volta a Buenos Aires, desde o desembarque no Aeroporto Internacional de Ezeiza, a 37 km do centro da cidade.

• SEGURANÇA – O esquema montado pela Real Federação Espanhola de Futebol mereceu elogios de todas as autoridades que estiveram no estádio do Real Madrid. Alguns setores foram bloqueados, a fim de evitar os problemas que torcedores poderiam criar. Os presidentes do River e do Boca, a exemplo de todos os torcedores, ficaram emocionados ao ouvirem o Hino Nacional argentino.

• MUNDIAL – O River sai de Madrid nesta segunda (10) para Abu Dhabi, capital dos Emirados Árabes, onde jogará dia 18 com o Esperance (Tunísia), Al Ain (Emirados Árabes) ou Wellington (Nova Zelândia) em uma das semifinais do Mundial de clubes. O outro semifinalista, adversário do Real Madrid, será o Chivas (México) ou Kashima (Japão). As decisões do título e do terceiro lugar serão dia 22.

• DE SAÍDA – Eleito melhor do jogo River 3 x 1 Boca, Pity Martinez anunciou que está deixando o futebol argentino para jogar na Liga dos Estados Unidos. O atacante vai defender o Atlanta United na temporada de 2019, após assinar contrato de quatro anos.

• BOLADA – O São Paulo vai receber uma bolada do River. Ao vender o atacante Lucas Pratto por 11.500 mil euros, em janeiro, o São Paulo criou cláusula que lhe garantia 1 milhão de euros (quase 5 milhões de reais), se Pratto ganhasse título no time argentino. Além disso, o River ainda vai pagar o restante do valor da compra, algo em torno de 4 milhões de reais.