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O sábado, 9 de fevereiro de 2020, do primeiro ano da morte de 10 jogadores jovens do Flamengo, na pior tragédia da história de quase 125 anos do clube, foi marcado por homenagens às vítimas do incêndio no Ninho do Urubu e também por protestos de torcedores contra os próprios dirigentes, ex e atuais.PARENTES FORA – Antes de o time vencer (2 x 0) o Madureira, com o segundo recorde de público do ano no Maracanã, o presidente Rodolfo Landim participou de missa na Igreja de São Judas Tadeu, padroeiro do clube, sem convidar nenhum dos parentes das dez vítimas. Falta se sensibilidade é pouco.

“A VIDA NÃO TEM PREÇO” – Os torcedores acrescentaram à faixa, exibida no estádio, uma cobrança bem dura aos dirigentes: “Paguem com dignidade e respeito. Justiça para os nossos dez”. Os comentários em tom de muita revolta se faziam sentir, muito antes do início do jogo, com pedido de punição para o presidente Rodolfo Landim e o ex-presidente Eduardo Bandeira de Mello.

BARRADOS NO CT – Enquanto antes do treino os jogadores não relacionados para o jogo com o Madureira se davam as mãos e faziam uma oração em grande círculo no gramado, os parentes de Christian e Jorge Eduardo, dois dos dez mortos no incêndio, eram barrados no CT do Ninho do Urubu. Só a família de Pablo Henrique teve autorização para entrar, segundo os vigias, porque conseguiu autorização com vários dias de antecedência.

TRÊS SOBREVIVENTES – Estiveram no gramado do Maracanã os três sobreviventes da tragédia de 8 de fevereiro de 2019 no Centro de Treinamento George Helal, o Ninho do Urubu: Francisco Diogo, Cauan Emanuel e Jonatha Ventura, o que ficou mais tempo internado, devido à gravidade dos ferimentos que sofreu no incêndio. Na época, um dirigente do Flamengo deu de ombros quanto à falta de alvará: “Isso não tem nada a ver” – disse ele.

RESPEITO MAIS LONGO – Além do minuto de silêncio, os torcedores do Flamengo, visivelmente abatidos, ficaram mais dez minutos sem reação, a partir do momento em que o árbitro João Batista de Arruda apitou o início do jogo. Só então, voltaram a entoar cânticos, começando com Garotos do Ninho. Antes, haviam colocado flores e faixas, junto ao muro externo do estádio, com o rosto dos dez mortos, gesto de muita sensibilidade, que repetiram do lado de dentro.

REFLEXO NO CAMPO – Embora sem nenhuma surpresa o Flamengo tenha dominado o primeiro tempo, impondo a categoria superior do seu time, os gols só foram marcados no segundo tempo. O primeiro, do zagueiro estreante Leo Pereira, ex-Athletico Paranaense, bem anulado por falta em Allan aos 13 minutos. O que valeu foi o de Gabriel, aos 16, sem mostrar os músculos dos braços, mas unindo as mãos em rápida oração aos garotos mortos. O segundo gol, aos 47, foi de PedroSó no segundo tempo, o time conseguiu diminuir o choque emocional das homenagens.

MAIS 9.600 – Cinco dias depois de estabelecer o primeiro recorde de pagantes de 2020 no Maracanã, com 50.454 nos 3 x 1 de segunda-feira (3) sobre o Resende, o Flamengo teve mais 9.600 pagantes nos 2 x 0 da noite de ontem (8) sobre o Madureira, com 60.054. R$1.555.172,00. O Flamengo volta ao Maracanã quarta (12) para a semifinal da Taça Guanabara, quatro dias antes de decidir com o Athletico Paranaense a Supercopa do Brasil, no próximo domingo (16), no estádio Mané Garrincha, em Brasília.

CARTÃO ÚNICO – Flamengo 2 x 0 Madureira só teve um, entre os 28 do jogo, advertido com cartão amarelo, e em se tratando de Bruno Henrique, de nível disciplinar tão elevado quanto técnico em suas atuações marcantes, o registro não deixa de causar estranheza. Bom dizer: a falta que cometeu em Rhuan foi comum, aos 24 do segundo tempo, dois minutos antes de o lateral-direito do Madureira ser substituído por Gedeílson.

JOGO 125 – Faz 82 anos que Flamengo e Madureira se enfrentam pelo Campeonato Carioca e o jogo de ontem (8), no Maracanã, foi o de número 125 da história, desde 1938. A vantagem do Flamengo é muito ampla, com 96 vitórias, contra 11 do Madureira, e 18 empates. Bom lembrar: das 11 vitórias do Madureira, sete foram em seu estádio Aniceto Moscoso, na Rua Conselheiro Galvão, inaugurado em 15 de junho de 1941: Madureira 4 x 2 Fluminense, sétima rodada do turno do Campeonato Carioca.

Foto: O tempo